O governo irá tentar aprovar na comissão especial que discute a reforma da Previdência um texto de consenso, ainda a ser negociada com líderes dos partidos e o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA). No entanto, a margem para negociação é pequena, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE).

Ele foi escalado pelo Palácio do Planalto para comentar o resultado da reunião ministerial realizada pelo presidente Michel Temer na noite dessa segunda-feira (20). De acordo com o ministro, que se desculpou inicialmente por não pertencer a área previdenciária, todos os ministros foram orientados a atuar junto às bancadas para convencer os parlamentares a aprovar a reforma.

“O presidente foi claro em relação aos ajustes da reforma. É preciso um texto que assegure a sustentabilidade do regime e não há espaço para grandes modificações” — afirmou o ministro, acrescentando: “A gente vai consolidar a posição final do governo com o relator”.

O governo vem sendo aconselhado a fechar um acordo sobre a reforma ainda na comissão especial. O argumento é que seria arriscado ceder na última honra, durante a votação da proposta no plenário da Câmara.

VOTAÇÃO EM MEADOS DE ABRIL

Líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), explicou que a ideia é aprovar o relatório na comissão especial em abril e votar o texto no plenário da Casa em meados de abril. Ao ser perguntado se seguido esse cronograma, haverá tempo de aprovar a reforma no Senado ainda no primeiro semestre, disse que a pergunta deveria ser dirigida aos senadores.

O ministro da Educação não quis a comentar pontos específicos da proposta enviada pelo governo ao Congresso, como por exemplo, o fim da aposentadoria especial para professores. Ele também se recusou a falar sobre a decisão de Arthur Maia de incluir no relatório o fim das isenções para entidades filantrópicas na área educacional. Em tom de brincadeira, respondeu que “detalhes” são com Roberto Carlos, em referência a um clássico do cantor.

Já o líder do governo afirmou que agora vai procurar os líderes para conversar e apontar os principais pontos de resistência. Segundo ele, o total de emendas apresentadas por parlamentares ao texto enviado pelo governo, a maioria protocolada por parlamentares da base, é compatível com o tamanho da base do governo.

“Eu considero as emendas uma contribuição do processo parlamentar” — alegou Ribeiro.

Tanto o parlamentar, quanto o ministro da Educação afirmaram que o governo precisa melhorar a comunicação para defender melhor a reforma. Os dois porém, insistiram no discurso de que a maioria da sociedade tem consciência de que a reforma é vital para o Brasil – que poderá se transformar numa Grécia, mesmo sabendo que muitos brasileiros nem sabem que o país existe e que foi obrigado a cortar aposentadorias e pensões por conta da crise.

Durante o encontro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o Brasil vai quebrar se a reforma não for feita. Esse será o tom das falas dos ministros de agora em diante ao reforçar a defesa das mudanças, que o Brasil só vai voltar a crescer e gerar empregos, se elas forem aprovadas. . Em dez anos, destacou Ribeiro, todo o orçamento da União será consumido com pagamento de benefícios e folha de pessoal se nada for feito, destacou o líder do governo.

Com informações O Globo