Os brasileiros se surpreendem a cada dia com as novidades sobre a origem, a infecção e as sequelas deixadas por quem sobreviveu à pandemia da Covid-19. Os estudos sobre a doença, que, ainda, gera preocupação da área sanitária no mundo inteiro, serão em maior número e com resultados que podem despertar ainda mais curiosidade da medicina.

Um dos estudos mais recentes, com publicação na edição desta semana da Revista Science Translational Medicine revela que a   infecção pelo Sars-CoV-2, causador da covid-19, pode levar à perda do olfato — e, em alguns casos, de forma duradoura.

Os pesquisadores, de acordo com a publicação, relatam ter descoberto o principal motivo da complicação: há um ataque imunológico contínuo às células nervosas olfativas e um declínio associado no número dessas células, de acordo com os dados de uma equipe de cientistas liderada pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

O grupo de cientistas,  para chegar a essa conclusão, analisou amostras epiteliais olfativas coletadas de 24 biópsias, incluindo nove pacientes que sofreram perda prolongada do olfato após a covid-19.

Segundo, ainda, a reportagem a análise das biópsias revelou a presença generalizada de células imunológicas envolvidas na resposta inflamatória do tecido no nariz, onde estão localizadas as células nervosas do olfato. A inflamação persistiu até na ausência de níveis detectáveis de Sars-CoV-2.

Outro aspecto observado é que, além disso, o número de neurônios sensoriais olfativos foi diminuído, possivelmente devido ao dano epitelial. “As descobertas são impressionantes. É quase semelhante a uma espécie de processo autoimune no nariz”, relata, em nota, Bradley Goldstein, autor sênior do estudo e professor associado do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e do Departamento de Neurobiologia da universidade americana. O estudo observou que os neurônios parecem manter alguma capacidade de reparo mesmo após o ataque imunológico de longo prazo.

De acordo com Goldstein, aprender quais locais estão danificados e quais tipos de células estão envolvidas é um passo fundamental para começar a projetar tratamentos para essa sequela da covid-19. “Temos esperança de que modular a resposta imune anormal ou conduzir processos de reparo no nariz desses pacientes possa ajudar a restaurar, pelo menos parcialmente, o olfato”, indica.

Segundo, ainda, o cientista, as descobertas poderão contribuir com pesquisas adicionais sobre outros sintomas prolongados da covid-19 que estejam ligados a mecanismos biológicos semelhantes, como fadiga generalizada, falta de ar e nevoeiro cerebral.