O governo brasileiro não descarta sobretaxar produtos americanos como forma de retaliação à decisão dos Estados Unidos de aumentar as tarifas de importação de aço. A informação foi confirmada pelo ministro da Indústria e do Comércio Exterior do Brasil, Marcos Jorge de Lima durante o último dia Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que ocorreu até essa quinta-feira, 15, em São Paulo.
Marcos Jorge de Lima ainda alertou o governo americano para impactos sobre a importação de carvão americano pelo Brasil, já que há uma “complementaridade” entre os dois países no setor siderúrgico. Ao ser questionado por jornalistas se o governo deve aumentar impostos para produtos americanos, o ministro disse que o Brasil “não descarta nenhuma hipótese”.
“Vamos atuar agora no âmbito bilateral, no entanto, não descartamos nenhuma hipótese”, afirmou. “Porém nós temos a convicção que, pela boa relação que temos com os EUA, e com o anúncio da Casa Branca que haverá a possibilidade de exclusão de países que se enquadram como na relação comercial que o Brasil tem, de que poderemos retirar o Brasil dessa aplicação”, acrescentou.
A possibilidade de retaliação avançou na Câmara na quarta, 14, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) chancelou um decreto legislativo que, se aprovado, suspenderá o desconto nas tarifas do etanol importado dos EUA. Lima destacou que o Brasil é o principal importador do carvão americano, usado na indústria siderúrgica do Brasil.
“Se sua produção for afetada pelas sobretaxas, as importações do produto pelo Brasil poderão diminuir. Do aço que vai para os Estados Unidos, 80% dele é um produto semi-acabado que entra para a própria siderurgia americana para a transformação. De outro lado, o carvão que vem para as nossas siderúrgicas brasileiras, boa parte é dos Estados Unidos, nós somos o principal importador deste produto americano”, disse.
“Então se nós temos uma sobretaxação do produto que vai pra lá, que entra na indústria americana, nós vamos com certeza impactar em preços nos Estados Unidos, vamos impactar em empregos do lado de lá também”, completou o ministro.
O ministro disse que ele e o chanceler Aloysio Nunes irão aos EUA depois que a decisão do governo americano for publicada para entrar com um recurso para ser excluído da lista.
“Nós já sabemos que será um recurso bilateral, agora, para entrar com recurso físico, nós precisamos da decisão publicada, e o prazo começa a correr a partir da publicação”, afirmou. Para o ministro, o Brasil deve ser excluído por “não representar risco à segurança americana”, “ter uma relação de complementariedade” com os EUA e não ter déficit na balança comercial com o País.
Na véspera, no mesmo fórum, o presidente Michel Temer havia dito que, se o governo de Donald Trump não aceitasse negociar exceções no aumento de tarifas de importação do aço, o Brasil vai entrar com uma representação contra a política norte-americana na Organização Mundial do Comércio (OMC) junto com outros países que sofreram prejuízos com a medida.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo