O número de mortes decorrente de acidentes de trânsito caiu mais de 11% no Brasil. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde mostram que 38.651 pessoas morreram no trânsito em 2015, contra 43.780 óbitos registrados no ano anterior. “Mais de cinco mil vidas foram poupadas em todo o país”, informou o ministério, em nota.
Entre as causas de mortes com redução significativa, estão os acidentes com automóvel e os atropelamentos, com um decréscimo de 23,9% e 21,5%, respectivamente. Entre os motociclistas também houve redução da mortalidade em 4,8%.
Segundo o balanço, divulgado ontem (19), o endurecimento da lei seca contribuiu para a queda no número de mortes de trânsito. “A redução pode estar relacionada à efetividade das ações de fiscalização após a lei seca, que neste ano completa 9 anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, a lei trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece”.
O condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for flagrado em fiscalização de trânsito está sujeito a multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.
Apesar da queda de mortes por acidentes e da rigidez da lei, houve aumento de 32% de brasileiros que combinam álcool e direção. Com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o Ministério da Saúde revela que, em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem. No ano anterior, o índice foi de apenas 5,5%.
A desaceleração da economia também pode ter favorecido a redução de mortes no trânsito. De 2014 para 2015, o aumento da frota de veículos automotivos no país foi de 4,6%, bem abaixo do registrado de 2010 a 2015, quando a frota total de veículos triplicou.
Para o ministério, a municipalização do trânsito, que é a integração do município ao Sistema Nacional de Trânsito, também teve papel fundamental nessa redução. Com a responsabilidade passando a ser local, as cidades podem criar órgãos executivos. Nos municípios que adotaram a estratégia houve maior redução do número de óbitos por acidentes, com queda de 12,8%. Nos demais, a queda foi menor, 8,9%.
Em números absolutos, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia apresentaram a maior redução de mortes no trânsito. Em contrapartida, Paraíba, Sergipe e Roraima tiveram aumento no número de óbitos. Entre as capitais, Goiânia (GO), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) se destacaram na queda de vítimas por acidentes de trânsito.
Internações
Em números absolutos, as internações em decorrência de acidentes também apresentaram queda em todo o país. Em 2015, foram 1.018 internações a menos em comparação com o ano de 2014. A maior redução foi entre os pedestres; os ocupantes de automóveis também apresentaram redução nas internações.
Para o Ministério da Saúde, apesar disso, ainda é importante ter atenção com motociclistas e ciclistas no trânsito. Isso porque, entre as vítimas houve aumento nas internações, de 4.061 e 1.669, respectivamente.
“Esses acidentes respondem por boa parte das internações hospitalares e pela maioria dos atendimentos de urgência e emergência, que geram altos custos sociais, como cuidados em saúde, perdas materiais e despesas previdenciárias, além de grande sofrimento para as vítimas e seus familiares”, ressalta a nota.
Em 2015, ocorreram 158.728 internações por acidentes de transporte terrestre com custo de R$ 242 milhões para o Sistema Único de Saúde, sendo que mais de 50% das internações e seus cursos envolveram motociclistas.