O movimento deflagrado pelas lideranças nacionais e regionais para reunificar as diferentes correntes do PDT no Ceará, durante encontro realizado, em Fortaleza, fracassou e a agremiação saiu ainda mais dividida no Ceará. O racha começou em 2022, ganhou nova dimensão e mostra uma legenda trincada a caminho das eleições municipais de 2024.
De um lado, o grupo integrado pelo senador Cid Gomes e por mais 10 deputados estaduais – entre eles, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão. Esse grupo tem afinidade com o Ministro da Educação, Camilo Santana, e com o Governador Elmano Freitas (PT). Do outro lado, a ala do ex-presidenciável Ciro Gomes, com a participação do prefeito José Sarto e do ex-prefeito Roberto Cláudio.
A lista de convidados, com presença confirmada, tinha o senador Cid Gomes, mas Cid, a exemplo de outros pedetistas dissidentes, não pisaram o pé no Atlântico Oásis Hotel, em Fortaleza, onde os dirigentes e militantes se reuniram, na noite de quinta e manhã desta sexta-feira, para avaliação sobre as ações do PDT e os rumos para as eleições do próximo ano. O tema do encontro era ‘governança, inovação e sustentabilidade’’.
CONFRONTO NA CONVENÇÃO ESTADUAL
Poucas horas antes da abertura do encontro nacional, nessa quinta-feira, o presidente André Figueiredo e o senador Cid Gomes se reuniram para discutir um caminho de pacificação. As notícias dos bastidores políticos, que, nesta sexta-feira, foram confirmadas por André, indicavam que Cid propôs assumir o comando estadual do PDT e buscar a reunificação da legenda. André refutou, não aceitou e foi firme ao dizer que cumprirá o seu mandato até o dia 31 de dezembro de 2023. Disse, ainda, que, na convenção estadual, o assunto poderia ser discutido, mas não antecipado. Como resposta, Cid e os aliados não compareceram ao encontro nacional em Fortaleza.
Os desdobramentos dos conflitos internos são visíveis e, ao fazer declarações, nesta sexta-feira, André Figueiredo reafirmou que mudança na Executiva Estadual somente com a convenção para escolha dos novos dirigentes do partido. André foi ainda mais longe e, em recado direto para Cid Gomes, lamentou a obsessão dos que querem o seu cargo. ‘’Se não tiver unidade, vamos ao enfrentamento’’, disse André Figueiredo.
André lamentou o que chama de obsessão do senador, lembrou que ele, Cid, não precisa do cargo para demonstrar o papel de grande líder. “Ele não precisa da presidência para ser o maior líder do PDT, não precisa. Ele foi por sete anos, desde que entraram em 2015 até 2022, o grande comandante dos pedetistas e eu nunca esperneei por isso porque reconheço nele essa grande liderança”, observou o pedetista.
CRÍTICAS A DEPUTADOS ESTADUAIS
As críticas de André Figueiredo foram além e tiveram, também, como alvo, deputados estaduais que fizeram pronunciamento na Assembleia Legislativa para defender o nome de Cid Gomes como único capaz de reunificar o PDT.
O recado foi direto para o deputado estadual Osmar Baquit, porta voz dos dissidentes que desejam Cid no comando da sigla no Ceará. “Não precisa essa obsessão”, continuou, “de ocuparem a tribuna da Assembleia para dizerem só vai solucionar o racha se ele for presidente, acho que é equivocado, eu não tenho apego a essa função, mas é uma missão. Achar que o Cid como presidente vai pacificar o partido? Acho que é uma ideia equivocada, porque temos sequelas da eleição passada”, disse André, ao reconhecer a divisão herdada das eleições de 2022 quando um grupo de pedetistas, liderado pelo ex-presidenciável Ciro Gomes, barrou a candidatura à reeleição da então governadora Izolda Cela.
Fracassada a articulação para o PDT voltar ao ambiente de unidade existente antes das eleições de 2022, o partido entra em uma nova fase com consequências ainda imprevisíveis sobre a permanência de muitos prefeitos que querem continuar nos quadros da sigla e defendem uma aliança com o Ministro da Educação, Camilo Santana, e com o Governador Elmano Freitas. Se depender do ex-presidenciável, o PDT se distancia ainda mais da administração estadual.