Parte da oposição vai às ruas neste domingo (12) para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Atos com o mote “Fora Bolsonaro” estão marcados para acontecer em 19 capitais do país ao longo do dia.
As manifestações são organizadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelos grupos Vem Pra Rua e Livres. A articulação atraiu o apoio de políticos de direita, de centro e de esquerda, mas ainda mostra uma oposição dividida.
O PT e outras legendas de esquerda não aderiram aos protestos deste domingo e organizam outras manifestações contra o governo. A direção do PT já anunciou um ato contra Bolsonaro para 2 de outubro.
A manifestação prevista para este domingo na avenida Paulista, em São Paulo, deve reunir políticos de diferentes espectros. O MBL divulgou a presença do ex-ministro Ciro Gomes, candidato a presidente pelo PDT em 2018, e do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), que deixou o governo nos primeiros meses da pandemia do coronavírus.
Além de líderes do grupo, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), devem participar o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Tabata Amaral (sem partido-SP), e ainda João Amoedo, que foi candidato a presidente pelo Novo em 2018.
A manifestação conta com o apoio de centrais sindicais como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Outras, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), não participam.
As articulações em torno do protesto deste domingo e as adesões a ele começaram em paralelo à organização das manifestações de 7 de setembro a favor de Bolsonaro.
Depois da última terça, quando o presidente prometeu descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o movimento da oposição a Bolsonaro pareceu ficar mais robusto. O PSDB, por exemplo, decidiu se opor ao governo.
Mas as oposições não têm um acordo para um calendário único de protestos. A divisão é alimentada por ressentimentos do passado, como as divergências em torno do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e pelas diferentes perspectivas dos partidos em relação às eleições de 2022.
A mobilização em torno das manifestações deste domingo também foi ofuscada pelo movimento da última quinta-feira (9) do presidente Bolsonaro, que publicou uma carta em que disse não ter tido a intenção de agredir outros poderes durante os discursos de 7 de setembro. O gesto, visto como tentativa de amenizar a crise institucional, contou com o apoio do ex-presidente Michel Temer (MDB), que colaborou na redação da carta e intermediou uma ligação telefônica entre o presidente e Moraes.
Na mesma quinta, um dia depois de o PSDB formalizar oposição ao governo, o presidente do partido, Bruno Araújo, classificou a iniciativa de Bolsonaro como positiva.
Em termos práticos, por enquanto, os movimentos de oposição também não têm uma sinalização de que podem alcançar o objetivo de conseguir a abertura de um processo de afastamento de Bolsonaro. As várias vertentes já formalizaram dezenas de pedidos de impeachment do presidente, mas nenhum foi adiante. Eles estão parados nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
(*)com informação da CNM