Depois de descobrir que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza movimentou R$ 113 milhões em contas bancárias na Suíça, o Ministério Púlbico Federal (MPF) de São Paulo aguarda informações das autoridades das Bahamas para saber se o dinheiro foi parar lá. A suspeita é que os valores sejam repasses ilegais feitos ao ex-diretor da estatal, conhecido como Paulo Preto e apontado como operador do PSDB. Vieira nega a existência de contas no exterior.
Segundo as investigações, o último destino do dinheiro teria sido o banco Deltec Bank and Trust Limited, que fica em Nassau, nas Bahamas. Os promotores solicitaram a cooperação internacional com o país da América Central no final de março.
Foi por meio de outra cooperação internacional que, em outubro do ano passado, autoridades da Suíça localizaram quatro contas do Groupe Nantes no banco Bordier & Cie, no país europeu. Vieira constaria como beneficiário das contas. O Groupe Nantes é uma offshore com sede no Panamá. Segundo as autoridades suíças, as contas tinham a soma de 25 milhões de francos suíços (R$ 113 milhões). De acordo com investigadores, o dinheiro saiu da conta em fevereiro de 2017 para o banco de Nassau. Falta, agora, confirmar essa informação.
As informações constam num processo que o ex-diretor da Dersa é investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) junto com o senador José Serra. O caso é baseado nas delações da Odebrecht, cujos colaboradores afirmaram que pagaram propina para atuarem em obras do governo de São Paulo, comandado, na época, pelo PSDB. O dinheiro teria sido repassado a tucanos por meio de caixa dois. Serra sempre negou as acusações.
Ainda que já tenham se passado três meses sem respostas das Bahamas, a força-tarefa do MPF paulista tem esperança em receber essas informações, já que há histórico de experiências bem sucedidas de colaboração judicial com Bahamas.
Embora seja um conhecido paraíso fiscal, Bahamas já passou a faz parte do grupo de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que cooperam por meio da troca de informações tributárias por tratados multilaterais. A ideia desse acordo global é combater o financiamento do terrorismo e crimes de lavagem de dinheiro. A receita federal estima que brasileiros tenham $ 27,8 bilhões nas Bahamas.
Paulo Preto nega todas as acusações. Em janeiro, a defesa dele pediu ao ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspenda o acordo de cooperação internacional com as autoridades suíças.
O ex-diretor da Dersa é réu na Justiça Federal de São Paulo em um processo que o acusa de desviar R$ 7 milhões que deveriam ser utilizados para reassentar famílias desapropriadas em obras viárias do Rodoanel Sul, entre 2009 e 2011. Vieira também alega inocência neste processo. Ele chegou a ficar 36 dias preso sob a alegação de que intimidara testemunhas, mas foi solto por habeas corpus de Gilmar Mendes.
Com informações O Globo