As mudanças climáticas têm se intensificado, trazendo consigo um aumento significativo nas ameaças à saúde global. Em 2023, um relatório da famosa revista científica The Lancet, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou o crescimento das mortes relacionadas ao calor extremo entre pessoas com mais de 65 anos. Esse aumento chegou a alarmantes 167% quando comparado a 1990, ressaltando o impacto devastador das alterações climáticas na saúde humana.

O documento, produzido por 122 especialistas de diversas instituições globais e divulgado antes da Conferência das Partes (COP) da ONU, fornece uma avaliação detalhada de como as alterações climáticas estão exacerbar as desigualdades e afetando desproporcionalmente regiões com baixo índice de desenvolvimento humano.

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“O balanço deste ano das ameaças iminentes à saúde causadas pela inação climática revela as descobertas mais preocupantes até agora em nossos oito anos de monitoramento”, afirmou Marina Romanello, Diretora Executiva do Lancet Countdown na University College London, em comunicado à imprensa.

Qual é a relação entre calor extremo e aumento nas fatalidades?


A exposição ao calor extremo tem se tornado uma preocupação crescente à medida que as temperaturas globais continuam a subir. O estudo revelou que, em média, os habitantes da Terra foram expostos a 1.512 horas adicionais de temperaturas elevadas em 2023. Esse aumento de 27,7% em relação à década de 1990-1999 também teve um impacto notável nas horas de trabalho perdidas, que totalizaram 512 bilhões, um recorde histórico.

Essas condições não apenas ameaçam a saúde dos indivíduos, especialmente dos mais vulneráveis, mas também acarretam em perdas econômicas consideráveis, estimadas em US$ 835 bilhões em 2023, afetando principalmente países de baixa e média renda. A combinação de calor intenso e trabalho ao ar livre representa um risco significativo, levando a uma maior incidência de estresse térmico e agravando as condições pré-existentes.

Nos últimos dez anos, as mudanças climáticas contribuíram para um aumento de 61% na frequência de eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, em comparação com as médias históricas de 1961-1990. Isso eleva o risco de inundações e disseminação de doenças infecciosas, como a dengue e outras doenças transmitidas por vetores que prosperam em condições úmidas.

Além disso, as secas e ondas de calor têm levado a inseguranças alimentares graves, afetando 151 milhões de pessoas a mais de 2014 a 2023, comparado ao período entre 1981 e 2010. A dieta e a nutrição estão diretamente comprometidas, exacerbando problemas de saúde em diversas populações ao redor do mundo.

Como a poluição do ar evoluiu no contexto das mudanças climáticas?


Sob um aspecto positivo, o relatório destacou uma redução nas mortes relacionadas à poluição do ar causada por combustíveis fósseis, com uma diminuição de quase 7% entre 2016 e 2021. Esse declínio é, em grande parte, resultado dos esforços em reduzir a queima de carvão, demonstrando que intervenções focadas na eliminação gradual de energias poluentes podem ter um impacto benéfico significativo sobre a saúde pública.

Com um aumento considerável na parcela de eletricidade gerada por fontes renováveis, atingindo 10,5% em 2021, há uma clara indicação de que a transição para uma economia de baixo carbono não só é viável como também essencial para mitigar os impactos climáticos negativos sobre a saúde e a economia global.

Os autores do relatório da The Lancet enfatizam a necessidade de uma transformação dos sistemas financeiros globais, priorizando a saúde no centro das políticas de mudança climática. A alocação de recursos deve ser dirigida à criação de um futuro com emissões zero, oferecendo benefícios econômicos consideráveis, além de melhorar a saúde pública, através de melhores condições ambientais e oportunidades de emprego sustentáveis.

(*)com informação Perfil Brasil