Últimos escândalos aquecem debate sobre fundo eleitoral – Bate Papo Político desta terça-feira (26)

As denúncias de candidaturas suspeitas de serem “laranjas” do PSL, também, no Ceará, levantam o debate sobre a eficácia do fundo eleitoral como estratégia de barrar a corrupção. O uso irregular desse recurso para bancar a campanha de candidaturas de mulheres nas eleições de 2018 gera desconforto entre aliados do Governo Federal, mas atinge, também, outras 13 siglas.

O assunto ganhou destaque no Bate Papo Político desta terça-feira (26), Jornal Alerta Geral (Rádio FM 104.3 – Expresso Grande Fortaleza + 26 emissoras no Interior), entre os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida, que apontaram que se a investigação for mais firme, mais escândalos como este serão revelados. Diante disso, tramita, no Senado, dois projetos que propõe acabar com o fundo eleitoral.

O jornalista Luzenor de Oliveira lembra que o ‘fundo partidário‘ é anterior ao ‘fundo eleitoral‘, que foi criado com o discurso de que cessaria o financiamento privado e, assim, dificultaria o “toma lá, dá cá” nas campanhas eleitorais – a empresa financiava determinada figura política em troca de concessões e favores. Para Luzenor, “até agora, essa corrupção não acabou“.

Para o jornalista Beto Almeida, a distribuição do fundo eleitoral apresenta um problema em sua origem. Mesmo diante de uma boa iniciativa, que inclui as mulheres em cargos públicos representativos e garante – o mais importante – uma quantidade de recursos para firmar suas candidaturas, os critérios de distribuição dos repasses acabaram se concentrando nos núcleos de poder dos próprios partidos, fortalecendo ainda mais essas figuras.

Para os jornalistas, as mulheres citadas nas investigações – incluindo, também, o Ceará – terão uma boa dor de cabeça pela frente. A Política Federal está investigando os cargos. Apesar da possibilidade de algumas terem sido laranjas sem saber que estavam sendo usadas, outras tinham consciência disso.

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Ceará

Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidata a deputada estadual Gislani Maia, que teve apenas 3,5 mil votos, recebeu do partido o valor de R$ 150 mil em recursos públicos do fundo eleitoral no dia 5 de outubro, dois dias antes da eleição. No mesmo dia, a candidata pagou cerca de R$ 143 mil a três gráficas que seriam para impressão de materiais de campanha. 

A candidata foi a única entre 18 mulheres do partido a receber recursos na campanha. Depois dela, só o presidente estadual do PSL e deputado federal eleito pelo partido, Heitor Freire, recebeu recursos da direção nacional – cerca de R$ 50 mil. Em toda a campanha, Heitor declarou gastos de R$ 64 mil, menos da metade da quantia recebida por Gislani.