Derrotado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, o presidente Jair Bolsonaro viu seu decreto que disciplina a flexibilização do acesso às armas de fogo ser revogado pelos senadores presentes após a aprovação do projeto de decreto legislativo de autoria do senador Randolfo Rodrigues (REDE/AP).
Em contrapartida, para manter o cumprimento de sua promessa e não sofrer outro revés, Bolsonaro foi ao twitter, principal ferramenta de comunicação com os apoiadores desde a campanha eleitoral, para conclamar estes a pressionarem os senadores para votarem contra o projeto que derruba seu decreto de facilitação a compra e venda de armas de fogo.
As palavras de Bolsonaro foram postas em discussão no Bate-Papo político desta segunda-feira (17) do Jornal Alerta Geral (Expresso FM 104.3 + 26 emissoras no interior + Redes Sociais). O jornalista Beto Almeida comenta as consequências após a proposta ser barrada na CCJ do senado:
Na realidade é o que o Bolsonaro sabe fazer, pedindo pressão da população sobre os senadores, mas pegou mal. Inclusive o senador Randolfo Rodrigues do Amapá, que é o autor do projeto que pede anulação do decreto, ele disse foi a policia porque disse estar recebendo ameaças da milícia digital, de apoiadores do Bolsonaro, é jogo da democracia.
Por outro lado, o jornalista Luzenor de Oliveria afirma que essas ameaças fogem de qualquer perspectiva que se tenha sobre democracia:
Jogo da democracia, mas com ameaças e violência foge um pouco do conceito que podemos ter de democracia. É preciso entender que nesse jogo, nesse conflito de ideias, que é retrato da democracia, saibamos respeitar a posição e oposição de quem está lá para representar todo o povo. Os senadores, deputados federais, tem a responsabilidade com o ponto de equilíbrio ao que considerem excessivo e nesse caso do decreto que afrouxa as regras para que a pessoa tenha acesso a compra e para algumas categorias o porte de armas de fogo, é importante porque todas as pesquisas apontam que a maioria dos brasileiros se posiciona contra essa liberação geral com o seguinte argumento, quanto mais armas em circulação, mais violência nós teremos.
Parlamentares contrários ao decreto de Bolsonaro afirmam que tal ação é inconstitucional, pois o presidente da República não pode agir por meio de atos normativos e também defendem que esta proposta vai de encontro ao estatuto do desarmamento.
O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que susta o decreto do presidente será votado nesta terça-feria (18) pelo plenário do Senado Federal. Caso aprovado, a promessa de Bolsonaro de facilitar a aquisição de armas de fogo cairá por terra.