O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prestou hoje (9) depoimento na Justiça Federal em São Paulo como testemunha em um processo penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que o arrolou como testemunha de defesa. Fernando Henrique foi ouvido por videoconferência pelo juiz federal Sérgio Moro, que, baseado em Curitiba, é responsável pela Operação Lava Jato.
Okamotto é acusado de ter negociado com a empreiteira OAS o pagamento pela armazenagem de bens e objetos do acervo do período em que Lula foi presidente da República (1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011). O Ministério Público Federal sustenta que a empresa concedeu vantagens indevidas ao ex-presidente Lula como parte do esquema de desvio de verbas na Petrobras.
Doações
Questionado pelos advogados de Lula e Okamoto, Fernando Henrique disse que começou a preparar a preservação do acervo com os objetos acumulados ao longo do seu período como presidente, ao fim do segundo mandato. Ele foi presidente de 1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 2003.
Fernando Henrique lembrou que chegou inclusive a participar de um jantar com empresários para avaliar se havia possibilidade de fundar um instituto para cuidar da preservação do material. “Porque você tem que pensar o que vai fazer com esse material. Não tem nada de ilegal. Alguns que estiveram ali [no jantar] contribuíram; outros, não”, afirmou o ex-presidente.
Ele disse ainda que estruturou a organização que administra o seu legado – Fundação Fernando Henrique Cardoso – a partir da observação de experiências internacionais.
Petrobras
Fernando Henrique negou ter conhecimento de que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró tenha recebido propina durante o seu governo. O ex-presidente foi questionado sobre o tema, pela defesa de Lula, a partir de declarações de Cerveró no termo de delação premiada firmado com a Justiça Federal. “Não posso dizer nem que sim, nem que não.”, declarou Fernando Henrique sobre o esquema na estatal.
O ex-presidente negou ter conhecimento de que um grupo de empreiteiras havia formado um cartel para fraudar as licitações da Petrobras ainda na década de 1990, como indicam as investigações da Lava Jato. “Eu nunca soube de nenhuma cartelização”, afirmou.