A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na quarta-feira (14), que a farmacêutica Astrazeneca realizasse testes da nova versão de sua vacina contra a Covid-19. Segundo a empresa, a nova vacina imunizará contra as variantes Beta, originária da África do Sul, e a Delta, da Índia.

O novo imunizante já entrou na fase de teste em humanos no Reino Unido, na Polônia e na África do Sul. E, em breve, será aplicado em cerca de 800 voluntários brasileiros durante os ensaios clínicos de fases 2 e 3, que ocorrerão simultaneamente nos estados da Bahia, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e no Distrito Federal.A

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre será a instituição responsável por conduzir a análise, assim como no estudo da primeira versão. A evolução do fármaco AZD2816 usa a tecnologia de vetor de adenovírus recombinante, mesmo utilizado na versão original, a AZD1222.

Segundo o jornal Zero Hora, o médico infectologista Eduardo Sprinz está à frente do processo. Ele também conduziu o primeiro teste.

SOBRE OS TESTES
Conforme o médico, a versão atualizada da vacina tem base na tecnologia de vetor viral, a mesma do imunizante utilizado atualmente. Nela, o vírus é usado como portador, sendo modificado para carregar as informações genéticas que permitem o combate à Covid-19 no organismo.

O imunizante consegue proteger tanto contra a cepa original, nomeada ancestral, quanto contra a sul-africana, considerada a mais resistente às vacinas. Se a nova vacina tem maior eficácia contra a variante Beta, pressupõe-se que também será eficaz contra as demais existentes.

“Isso porque, do ponto de vista de resistência às vacinas, a variante da África do Sul está no extremo oposto ao vírus ancestral. No meio do caminho tem a P.1 (Gama, brasileira), a Delta e a inglesa”, explica Sprinz.

De acordo com estudo do Public Health England (PHE), a atual vacina da AstraZeneca tem 92% de eficácia contra hospitalizações causadas pela variante Delta após duas doses.

Para participar dos testes, os voluntários devem ter 18 anos ou mais e podem ter se vacinado com duas doses da vacina da AstraZeneca ou da Pfizer — esta tem uma tecnologia distinta, de RNA mensageiro. Caso o voluntário não tenha recebido nenhum imunizante e não possua anticorpos, serão ministradas as duas doses da nova vacina.