O ex-presidente da Transpetro, o cearense Sérgio Machado, delator na Operação Lava Jato, foi denunciado pelo Ministério Público ao juiz federal Luiz Antonio Bonat, novo magistrado da Operação Lava Jato. Também foram denunciados o acionista e ex-presidente de empresas do Grupo Estre Wilson Quintella Filho, os executivos Antonio Kanji Hoshiwaka e Elio Cherubini Bergemann e o advogado Mauro de Morais. Eles são alvos da fase 59 da operação pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. As informações são do Jornal O Estado de S. Paulo.

Essa é a primeira operação da Lava Jato aberta por Bonat, que substitui o agora ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele disse que nessa fase processual, não cabe um exame profundo da denúncia, o que deverá ocorrer somente no julgamento, após o contraditório e instrução.

Segundo investigações da Lava Jato, Sérgio Machado havia solicitado R$ 21,1 milhões em propina a Wilson Quintella. Em troca seriam firmados contratos pelo Grupo Estre com a Administração Pública Federal, em especial com a Transpetro.

Essa 59ª Operação da Lava Jato é denominada Quinto Ano, e foi deflagrada no dia 31 de janeiro. Na ocasião, Quintella, Kanji e Morais foram presos. Depois, a juíza Gabriela Hardt converteu a prisão de Quintella em preventiva, mas impôs uma fiança de R$ 6, 8 milhões para soltar o empresário.

As investigações desta etapa da Lava Jato começaram com a delação de Sérgio Machado, indicado e mantido no cargo pelo MDB. O ex-presidente da Transpetro relatou que ‘o percentual de propina solicitado e pago, via de regra, era de cerca de 3,0% na área de serviços e de 1,0% a 1,5% na parte dos navios’.

Na denuncia, entre as empresas que pagavam propinas a Sérgio Machado no esquema criminoso estavam a Estre Ambiental S/A, Pollydutos Montagem e Construção Ltda. e Estaleiro Rio Tietê Ltda, todas pertencentes a grupo econômico Estre.

Segundo a acusação, ‘para a geração e entrega das propinas em espécie Wilson Quintella utilizou-se dos serviços de Mauro de Morais, sócio do escritório Mauro de Morais – Sociedade de Advogados’.

A Lava Jato afirma que Mauro de Morais usou ‘seu escritório para celebrar contrato ideologicamente falso com o Grupo Estre e, subsequentemente, emitir notas fiscais ‘frias’, recebendo valores por meio de transferências bancárias para, logo em seguida, efetuar saques em espécie periódicos e fracionados’.

“O dinheiro em espécie gerado era então repassado para Antonio Kanji Hoshikawa, então funcionário da Estre encarregado por Wilson Quintella de realizar as operações de entrega de propinas”, relataram os procuradores.

A Procuradoria da República aponta que entre 2009 e 2012 o escritório de Mauro de Morais recebeu R$ 21.065.535,16 das três empresas. De acordo com a denúncia, o escritório está com as atividades paralisadas desde 2014.

Com informações do O Estado de S. Paulo