O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), está na mira de um intenso “fogo amigo”. No Congresso, onde se reelegeu deputado, e na própria equipe de transição, desafetos o colocaram como primeiro alvo do futuro governo. Do Parlamento, saem críticas de que ele excluiu o Senado do processo de articulação política. De interlocutores próximos à cúpula do governo eleito, o recado é de não tolerar denúncias de corrupção.
O ministro indicado, responsável pela coordenação política do governo de transição, é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto uso de caixa 2 em campanhas passadas. Lorenzoni saiu ontem irritado de uma coletiva após ser questionado sobre o tema e também a respeito do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta movimentações financeiras suspeitas de um ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do futuro presidente, Jair Bolsonaro (PSL).
A suspeita de recebimento de caixa 2, por si só, era um incômodo dentro do governo eleito. O constrangimento se intensificou quando o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de processo de investigação, na terça-feira. O vice eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), tomou a dianteira antes mesmo de Bolsonaro se manifestar e avisou que Lorenzoni “terá de se retirar do governo” se comprovada a ilicitude. Ali, se evidenciou o desconforto. Em 2017, Lorenzoni admitiu ter recebido R$ 100 mil de caixa 2.
O desconforto com o futuro ministro se amplia tendo em vista justamente a atribuição para a qual ele foi designado por Bolsonaro: a articulação política. Entre os desafetos na transição, ele é visto como alguém que nunca foi unanimidade dentro do PSL nem no DEM. A pessoas próximas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), confessou que não o considera confiável, tanto que sequer o teria indicado para a Casa Civil, caso o presidente eleito tivesse solicitado uma sugestão.
Enquanto relator do pacote de 10 medidas contra corrupção, Lorenzoni foi acusado de não dialogar com deputados e de desrespeitar um acordo firmado ao apresentar um relatório nos moldes do desejado pela força-tarefa da Operação Lava-Jato. Nesta semana, por sinal, o ex-juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça, saiu em defesa de Lorenzoni: “Ele tem minha confiança pessoal”, disse.
O histórico no processo de articulação não joga a favor de Lorenzoni. E não promover diálogo com senadores ou não incluí-los nas reuniões do governo é uma das principais críticas. “Como é que ele vai fazer a articulação com o Congresso só negociando com uma das casas legislativas? Ele não agraciou nenhum senador. Até o momento, não há diálogo com o Senado. Deixar (a coordenação política) na mão do Onyx será um desastre para o governo”, se queixou um integrante da transição.
Com Informações Correio Braziliense