A pandemia mudou a demanda por empregos formais no Brasil, em 2020. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o isolamento social foi responsável por dar nova cara ao mercado de trabalho, impulsionando vagas em postos como logística e estoque. A agricultura, único grande setor a crescer no ano, e a construção civil, impulsionada pela demanda de habitações, também responderam pelo aumento de vagas. Apesar das perdas econômicas, o ano terminou com saldo positivo de 142,7 mil postos formais, um aumento de 0,4% – em relação a 2019.
“Os setores produtivos, mais do que nunca, tiveram de se reinventar. Em especial o comércio, que, de um dia para o outro, precisou se digitalizar. O impacto foi muito grande, mas teria sido ainda pior sem visão estratégica e adaptações, que permitiram que novas vagas surgissem. Muitas dessas essenciais para manter o País de pé”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “Em 2021, ainda vamos viver grandes desafios, em especial no setor de serviços, com o turismo e a educação.”
De acordo com a CNC, das 10 profissões com maior nível de ocupação tradicional no mercado de trabalho, apenas a de alimentador de linhas de produção se manteve entre as que registraram maior crescimento no ano. A recuperação do comércio, a partir da segunda metade do ano, também abriu oportunidades em ocupações típicas como atendentes de lojas e mercados, armazenistas e repositores. A queda no consumo presencial, no entanto, provocou uma redução de 4,0% na ocupação de vendedores.
No setor terciário, ocupações relacionadas a serviços de entrega e ao atendimento remoto à população também foram destaques. Na contramão, ocupações ligadas ao atendimento presencial foram as mais prejudicadas. Na área de transporte, cobradores e motoristas de coletivos perderam representatividade no emprego formal. Os profissionais da área de Educação também figuram no ranking dos mais afetados e representam metade das ocupações com maiores retrações no ano.
Turismo foi o setor mais impactado
Ainda no ranking de vagas mais afetadas, a área da Educação aparece à frente apenas das áreas de Alojamento e Serviços de Alimentação (-13,5%) e da área de Arte, Cultura, Esporte e Recreação (-10,1%). O setor de turismo foi o mais impactado negativamente pela pandemia, com queda de 37% em 2020, de acordo com estimativa recente da CNC. Somados, Turismo, Cultura, Educação e Transportes perderam 421,7 mil postos de trabalho em 2020.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, embora o saldo de vagas no ano seja o menor desde 2017, o resultado geral não deixa de ser surpreendente diante das dificuldades enfrentadas pela economia.
“Os saldos levemente positivos verificados nos dois primeiros meses foram rapidamente revertidos em grandes perdas de postos formais entre março e junho, quando foram eliminados mais de 1,6 milhão de postos de trabalho. A partir de julho, passou-se a registrar um avanço gradual em saldos mensais positivos, totalizando, até novembro, a abertura líquida de quase 1,5 milhão de novas vagas. Foi o que equilibrou o resultado no fim do ano”, explica Bentes.
(*)com informação da A.I