O Partido Novo saiu de sua primeira eleição geral com votação maior do que a alcançada por oito legendas, incluindo o MDB e a Rede. A sigla, que tem registro a apenas três anos, viu ainda seu candidato à Presidência, João Amoêdo, ficar em quinto lugar, com 2,6 milhões de votos (2,5%). A ascensão laranja chegará à Câmara com oito deputados.
A sigla também elegeu 12 deputados estaduais e sonha chegar pela primeira vez ao Executivo: em Minas Gerais, Romeu Zema disputa o segundo turno com o tucano Antonio Anastasia. Em meio ao sucesso eleitoral, a legenda, que ganhou admiradores ao prometer atuar de forma diferente na política, vive a primeira crise com eleitores, que criticam a neutralidade no segundo turno da eleição presidencial.
“Não deixamos de nos posicionar contra o PT por entender que temos programas antagônicos. Mas não é nosso papel apoiar outro candidato agora. Parte das nossas propostas são parecidas com as do PSL, mas temos dúvidas sobre a execução”, diz o presidente do partido, Moisés Jardim.
Foi o que fez Zema, ao optar por Jair Bolsonaro (PSL). O aceno foi visto como um dos fatores que o levaram ao segundo turno da disputa mineira. O Novo entrará no Congresso com as bandeiras da desburocratização e do combate à corrupção. Considerado de direita e liberal, o partido será independente, segundo Jardim, e dará prioridade às reformas tributária e da Previdência.
O Novo nasceu de um movimento de 181 pessoas, administradores, empresários, advogados e estudantes, que, em 2011, cobravam renovação na política. Ganhou simpatizantes com o discurso de que os políticos tradicionais transformaram o poder público em “balcão de negócios”. Para sustentar a crítica, não usou recursos públicos em campanhas. Sobrevive de doações e faz processo seletivo para escolher seus candidatos.
O Novo foi taxado de elitista por haver milionários nos seus quadros, como Amoêdo, que declarou patrimônio de R$ 425 milhões. Outro milionário, Zema admite que o Novo é “pouco heterogêneo”, mas diz que tende a se diversificar.
Jardim diz que o partido já se articula para as eleições municipais de 2020. Em 2016, disputou a prefeitura em cinco cidades e elegeu quatro vereadores. Hoje, tem estrutura em 19 estados e no Distrito Federal. “Será uma Câmara menos experiente, mas sempre questionamos o tipo de experiência que havia. A expectativa é que a renovação cresça”, afirma Jardim.
Com informações do Jornal O Globo