A agenda política ganha, neste final de semana, mais um capítulo na polêmica discussão sobre mudanças na legislação eleitoral.

Representantes de 11 partidos, que somam, pelo menos, 326 dos 513 deputados federais, se reuniram, por meio virtual, neste sábado (26), e fecharam entendimento contra o voto impresso nas eleições de 2022.

O voto impresso é uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro que teme possíveis fraudes nas eleições. O mesmo discurso vem sendo adotado desde 2018, mas o atual sistema de votação eletrônica é considerado seguro e, até o momento, não registrou falhas para eventuais fraudes.

O temor da judicialização das eleições une opositores e aliados do Governo Federal. Uma eventual alteração sobre o modelo atual de voto eletrônico, como desejam os bolsonaristas, pode representar, no entendimento de representantes dos 11 partidos, risco de uma onda de questionamentos dos resultados eleitorais a partir de 2022, travando o Judiciário e as comarcas locais.

A mobilização das lideranças dos partidos contrários ao voto impresso acaba sendo uma derrota para o grupo mais próximo ao presidente Bolsonaro que enfrenta o bombardeio de críticas e investigações na CPI da Covid-19 e que vem gerando revés para o Governo Federal.

A reunião deste sábado, que deu indicativo contra o voto impresso, acontece 48 horas após a divulgação da pesquisa do Ipec que mostra que, se a eleição fosse hoje, o ex-presisdente Lula somaria 49% dos votos, enquanto Bolsonaro ficaria com 24%. O encontrou reuniu lideranças do PSL, Progressistas, PL, PSD, MDB, PSDB, Republicanos, DEM, Solidariedade, Avante e Cidadania.

Aliados do Palácio do Planalto, também, integram os partidos que se opõem a mudanças no sistema eletrônico de votação. A discussão na Câmara Federal não é para implantação de um formato que permita aos eleitores votarem em cédulas de papel, ou seja, no modelo antigo e que está sepultado há mais de 20 anos no Brasil.

CORRIDA CONTRA O TEMPO

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que trata de novas regras para as eleições, dispõe, em seu texto, sobre a implantação de um modelo de votação auditável de papel nas urnas eletrônicas. Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se mantém firmes na defesa do voto eletrônico.

O presidente do TSE, ministro Luiz Barroso, chegou a declarar que, se aprovado pelo Congresso Nacional, o sistema de voto impresso custaria mais de R$ 2,5 bilhões em 10 anos. Os defensores de uma nova regra para auditoria das urnas eletrônicas entraram em uma verdadeira corrida contra o tempo porque querem que a reforma da legislação seja aprovada até o dia 5 de outubro para valer em 2022.