A Executiva Nacional do PDT, partido do candidato à Presidência derrotado no primeiro turno, Ciro Gomes, vai se reunir, nesta quarta-feira, 10, para definir se apoia a candidatura do presidenciável do PT, Fernando Haddad.

A tendência é que o PDT apoie Haddad. Contudo, os pedetistas não devem oficializar uma aliança com o PT e nem liberar filiados para apoiarem os petistas. A Executiva Nacional do PDT ainda deve fixar algumas condições para declarar apoio.

Ciro ficou em terceiro lugar nestas eleições com 12,47% dos votos válidos e, portanto, fora do segundo turno. Dentre suas principais bandeiras de campanha, estava a ideia de limpar nome de devedores no SPC. Essa deve uma das propostas que o PDT deve impor ao PT para oficializar um apoio ao candidato Haddad. O partido deve ainda vetar a ligação, ao menos de imediata, desta adesão a convites para cargos em um eventual governo petista. Assim, a sigla não poderá ser acusada de fisiologismo.

Nessa segunda, 8, Ciro Gomes, seu irmão Cid (PDT), o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o líder da bancada na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE), se encontram em Fortaleza para acertar os detalhes da proposta a ser apresentada aos integrantes da Executiva.

Um pronunciamento a respeito de uma decisão ainda nesta segunda na capital cearense, sem a participação de Ciro, chegou a ser cogitado, mas, agora, o mais provável é que esperem a discussão conjunta no meio desta semana.

Para assessor, saldo da campanha é positivo

Isso porque a vontade do círculo de Ciro é estabelecê-lo como um nome viável para próximas eleições aos que rejeitam a polarização entre os discursos de Jair Bolsonaro (PSL) e do PT.

Na avaliação de um assessor, apesar da derrota e da equipe ter acreditado em uma possível virada em cima de Haddad, o saldo da campanha de Ciro foi positivo. “Ciro estava feliz ontem. Apesar de não ter ido para o segundo turno, foi bem dentro desse contexto de polarização que vivemos e ganhou no Ceará, o que é muito importante sendo a terra dele. Digamos que ele sobreviveu à eleição. Uma eleição em que caciques do Congresso Nacional não se elegeram, governos de estado tiveram resultados inesperados, Ciro conseguiu reforçar o nome dele diante da tormenta”, disse.

Embora deva fechar apoio a Haddad, o acordo dentro do PDT deverá vir recheado de desconfianças e do sentimento de “única opção a ser feita” diante do concorrente Jair Bolsonaro. Para alguns pedetistas, o mais importante é impedir a chegada do pesselista à Presidência e não “ficar mal” historicamente. Neste domingo, Ciro disse “Ele, não, sem dúvida”, após a derrota.

No período das articulações políticas para este pleito de outubro, Ciro tentou articular uma aliança com o PT e, de acordo com ele próprio, chegou a ser convidado como vice de Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, as negociações não foram para frente, e o PT acabou isolando o PDT. O PSB, por exemplo, avaliou ficar com Ciro, mas, diante de articulações de Lula, se declarou “neutro”.

No Nordeste, onde a centro-esquerda tem mais força em comparação a outras regiões, governadores petistas com alianças regionais com o PDT – parte eleita em primeiro turno – fizeram campanha para Haddad ou para ambos os candidatos. Coligado apenas com o Avante, a candidatura de Ciro se esvaziou.

À reportagem do Portal Uol Notícias, há pedetistas que falaram que não votam em Haddad e reclamam que o PDT foi “muito maltratado” pelo PT nos últimos meses. Para um, é preciso haver a reciprocidades nas relações.

Haddad se diz disposto a mudar plano de governo por apoio

Em entrevista coletiva no início da tarde dessa segunda, 8, Haddad mostrou disposição para mudar pontos do seu plano de governo em troca do apoio de Ciro. “Se ele se dispuser, vamos sentar para conversar e vamos tratar desses assuntos como tratamos no primeiro turno com o PCdoB”, afirmou. “[Tenho] Total tranquilidade em ajustar parâmetros do programa, para que ele seja o mais representativo dessa ampla aliança democrática”.

Com informações do Portal Uol Notícias