O movimento articulado por dirigentes estaduais e municipais, deputados federais e senadores para o cearense Tasso Jereissati ser eleito, em dezembro, Presidente da Executiva Nacional do PSDB fortalecerá o bloco de oposição ao Governo do Estado nas eleições de 2018. Tasso cumpre mandato interino no comando nacional do PSDB após o afastamento do senador Aécio Neves do cargo, que foi denunciado por possível recebimento de propina do grupo JBS.
A ala do PSDB que quer o cearense na Presidência Nacional do PSDB ganha força interna por defender que o partido mantenha uma posição de independência em relação ao Governo Michel Temer. Tasso é um dos dirigentes nacionais que querem que o PSDB entregue os cargos que ocupa no Ministério de Michel Temer. Dois outros nomes – Marconi Perillo, Governador de Goiás, e Artur Virgílio – prefeito de Manaus, se lançaram pré-candidato a presidente do partido.
Os desdobramentos da disputa interna no PSDB terão reflexos diretos na corrida ao Governo do Estado e ao Senado nas eleições de 2018 no Ceará. Se permanecer no cargo, Tasso terá como um dos desafios construir um palanque forte no Ceará para garantir expressiva votação ao candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Como homem de partido e comprometido com as ações para os tucanos voltarem à Presidência da República, Tasso poderá até mesmo ir para o sacrifício e sair candidato ao Governo do Estado.
A hipótese é considerada real e já antecipou um embate verbal protagonizado pelo ex-governador e presidenciável Ciro Gomes (PDT). Ciro disse, na última quinta-feira, que, se aceitar concorrer ao Palácio da Abolição, Tasso seria traidor. Isso, porque, nas palavras de Ciro, o PSDB tem um representante no Governo Camilo Santana, que é o tucano Maia Júnior, Secretário de Planejamento.
A declaração de Ciro jogou combustível no debate sobre a sucessão estadual e estimulou a oposição a intensificar o debate sobre o palanque a ser montado em 2018. O sonho principal da oposição é a candidatura de Tasso ao Governo do Estado. Tasso não tem feito qualquer manifestação sobre a possibilidade de concorrer à sucessão de Camilo Santana, mantém silêncio quando o abordam sobre o assunto e tem hoje como principal missão a construção dos caminhos do PSDB na corrida presidencial.
A oposição ao grupo do ex-governador Cid Gomes é formada pelo PSDB, PMDB, PR, SD, PMB e PSD. O governador Camilo Santana tem, porém, articulado ações administrativas com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e abriu diálogo com o peemedebista sobre a sucessão estadual. Eunício quer concorrer à reeleição ao Senado. As conversas de Camilo e Eunício deixaram setores da oposição em alerta.
O deputado estadual Capitão Wagner, do PR, admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado para enfrentar Eunício e Cid, caso o PT esteja coligado com PDT e PMDB. E, nesse palanque com Wagner, a oposição quer Tasso candidato a governador. Para alguns oposicionistas, Tasso, na condição de presidente nacional do PSDB, terá não apenas o compromisso, mas o dever moral para ajudar a levar o candidato tucano ao segundo turno da eleição presidencial e, por essa razão, na avaliação de membros da oposição, poderá aceitar a candidatura a governador.