É comum ouvir alguma mulher queixar-se de prolapso genital, conhecido popularmente como “bexiga caída” ou “útero caído”. A disfunção é resultado da perda de sustentação da bexiga urinária e de outros órgãos como a uretra, útero, intestino e reto, em razão da fragilidade dos músculos que constituem o assoalho pélvico.

O prolapso genital geralmente aparece depois de gravidezes sucessivas ou partos múltiplos. No entanto, fatores como obesidade, alterações hormonais, doenças musculares e genéticas também estão relacionadas às causas da doença, que pode comprometer o desempenho físico, social e sexual das mulheres. Muitas acabam buscando tratamento cirúrgico para reforçar a musculatura e a recolocação dos órgãos na posição adequada.

Algumas mulheres não sabem que existe um tratamento alternativo do prolapso genital por meio da utilização de pessários vaginais. No Ceará, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da rede pública do Governo do Estado, vem implementando pesquisas com resultados satisfatórios utilizando pessários nas pacientes com Prolapso de Órgão Pélvicos (POP). O dispositivo vaginal vem contribuindo como mais uma alternativa de tratamento do POP, condição que afeta cerca de 15% a 30% das mulheres com mais de 50 anos, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Pesquisa aliada à saúde

O uso de pessários vem sendo considerado a primeira linha de tratamento no HGF em pacientes com disfunção do assoalho pélvico. A unidade conta com um Ambulatório da Estomaterapia e Pessário, que atende cerca de 50 pacientes por mês com prolapsos genitais e outros agravos relacionados à função pélvica. O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar de médicos ginecologistas, enfermeiras, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Para Cláudia Carneiro, coordenadora do serviço de Estomaterapia e Pessário do HGF, o uso do dispositivo vaginal é um tratamento efetivo e acessível. “Ele tem um impacto positivo e significativo na qualidade de vida das pacientes. O tratamento é oferecido para as mulheres que tenham contraindicações ao tratamento cirúrgico”, explica a enfermeira.

Muitas pacientes chegam do interior com a perspectiva de melhorar sua qualidade de vida. A dona de casa Maria das Graças Oliveira, 65, de São Gonçalo do Amarante, relata que houve uma melhora significativa na sua vida social após o tratamento com o dispositivo vaginal. “Minha irmã já estava fazendo o tratamento no hospital e disse para eu fazer também. Desde que comecei o tratamento minha vida mudou bastante. Já uso há dois meses e não sinto incomodo nenhum. Faço minhas atividades em casa, faço caminhada, levo uma vida normal”, ressalta Maria das Graças, umas das pacientes atendidas pelo serviço.

Seção de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisa

O Hospital Geral de Fortaleza conta com uma Seção de Estudos Aperfeiçoamento e Pesquisa, com vastas linhas de pesquisas envolvendo profissionais e residentes da unidade neste processo, eles enfrentando as mais complexas diretrizes de investigação contribuindo diretamente para a saúde da população cearense.

O coordenador de pesquisas do HGF, Ananias Vasconcelos, aponta que, embora o uso do pessário não seja algo recente, há um grande potencial a ser explorado. “Como o HGF é um centro de referência de ensino, entendemos que o hospital deve oferecer todos os tratamentos para seus pacientes. Atualmente, há três pesquisas em andamento na unidade e já ministramos dois workshops sobre o pessário, nos quais pessoas de toda a América Latina se interessaram pelo tema pelas inúmeras vantagens do dispositivo”, explica o uroginecologista.

O centro de estudos possui ainda programas de residência médica e multiprofissional, internato para atender estudantes da saúde nos últimos anos da graduação de instituições públicas e privadas de ensino superior, estágios curriculares e bolsistas de diversos cursos de graduação. O HGF conta com 431 residentes de diversas áreas da saúde e 205 internos, sendo o hospital estadual com maior número de programas de residência médica e multiprofissional.

Tratamento do prolapso genital

Na rede pública de saúde, o tratamento do prolapso genital ocorre por meio do ambulatório de Estomaterapia e Pessário do HGF, que realiza cerca de 50 atendimentos por mês. O serviço possui equipe de médicos uroginecologistas, enfermeiras estomaterapeutas e fisioterapeutas. O atendimento acontece às terças-feiras, das 13 às 17 horas, através de encaminhamento dos postos de saúde, de unidades básicas, ou do próprio HGF.

 

 

 

 

(*)com informação do Governo do Estado do Ceará