A polarização que marca os últimos cinco anos da política brasileira, com ápice na disputa de 2022 entre o então presidente Jair Bolsonaro e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), inquieta um expressivo contingente de eleitores que defende o surgimento da chamada terceira via no País.
Esse sentimento dos brasileiros está nos números da pesquisa do Ipec divulgada pelo Jornal O Globo: 57% dos entrevistados, segundo o levantamento, manifestam desejo de que no Brasil surgisse uma nova liderança política, caracterizada como a chamada terceira via.
O percentual de 57% dos eleitores é a soma dos 39% que dizem concordar totalmente com essa necessidade e dos 18% dos entrevistados que afirmam concordar em parte. Um total de 27% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa, discorda total ou parcialmente dessa renovação. Outros 5% se manifestaram indiferentes, ou seja, não concordam, nem discordam.
TERCEIRA VIA EM 2022
O atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), chegou a levantar a bandeira da chamada terceira via como alternativa aos rumos políticos que o País tomava na corrida presidencial. Leite não conseguiu, porém, viabilizar a candidatura ao Palácio do Planalto e acabou apoiando a então candidata do MDB, Simone Tebet.
Lançada pelo MDB, Simone reuniu, em seu palanque, o PSDB e o Avante e terminou o primeiro turno da disputa presidencial em terceiro lugar, ficando à frente de Ciro Gomes (PDT). No segundo turno, Simone oficializou apoio ao então candidato Lula, enquanto Ciro optou pelo silêncio. Hoje, Simone é Ministra do Planejamento do Governo Lula.
Os números do Ipec revelam que o desejo de renovação é expressado por diferentes segmentos dos eleitores: entre os católicos, o apoio a essa tese é de 57% e, entre os evangélicos, de 59%. Entre as regiões, o Sul (46%) tem o maior percentual de pessoas favoráveis à renovação, enquanto no Nordeste a maior rejeição à chamada terceira via.
PESQUISA
A pesquisa Ipec, com números antecipados pelo Jornal o Globo, ouviu, de forma presencial, no período de 2 a 6 de março, 2 mil pessoas de 16 anos ou mais em 128 municípios do País. A pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.