Uma pesquisa nacional encomendada pelo próprio Palácio do Planalto aponta que 70% dos entrevistados desaprovaram o desempenho do governo na crise penitenciária, que teve 130 presos massacrados em cadeias do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte, nas duas primeiras semanas de janeiro. Apenas 20% aprovaram a gestão do presidente Michel Temer naquele período crítico.
A pedido da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), o Ibope Inteligência ouviu por telefone 1.200 pessoas de todas as classes econômicas e de todas as unidades da federação, entre os dias 31 de janeiro a 3 de fevereiro.
O governo federal recebeu o estudo em 24 de fevereiro e o publicou em um banco de pesquisas no último dia 31 de março. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de três pontos percentuais.
Temer aparece como o “principal” responsável pela crise. Essa é a avaliação de 20% dos entrevistados. Ele é seguido por governadores, com 16%; e por deputados e senadores, considerados os maiores culpados para 14% dos entrevistados. O ministro da Justiça vem em quarto lugar (11%) e defensores de direitos humanos foram apontados por 10%.
Os maiores problemas das prisões, na opinião dos entrevistados, são superlotação (36%), infraestrutura precária (21%), ociosidade e falta de atividade dos presos (17%), existência de facções criminosas nos presídios (14%), número insuficiente de agentes penitenciários (2%) e falta de pena de morte e de leis mais rígidas.
A pesquisa, no entanto, deixa claro que a população não sabe com precisão quais esferas de poder são as responsáveis pelo sistema carcerário. Embora a maioria das penitenciárias seja gerida pelos governos estaduais, só 24% dos ouvidos atribuem a responsabilidade pelo sistema prisional a eles, enquanto 60% da população acredita tratar-se de uma responsabilidade do governo federal. Em outra pergunta, 72% consideram que o Poder Judiciário o responsável pelo sistema, que na verdade é gerido pelo Executivo.
Michel Temer ficou quatro dias em silêncio após o primeiro massacre, em janeiro, no presídio Anísio Jobim, em Manaus, onde 56 presos foram assassinados. Quando se manifestou, chamou o ocorrido de “acidente pavoroso”. Depois de ser criticado, o presidente publicou no Twitter sinônimos de “acidente” para dizer que foi mal interpretado. No mesmo mês, houve nova matança na penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, e na prisão de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte.
O estudo encomendado pelo Planalto sugere ao governo que divulgue “amplamente” medidas que tem tomado para debelar a crise. Na semana passada, começou a ser veiculada a campanha publicitária do Plano Nacional de Segurança. O vídeo, com música dramática, mostra lugares vazios, como um assento de ônibus e uma cadeira de sala de aula, e associa-os a pessoas mortas: “Uma mãe, uma batalhadora. Um pai, um amigo. Um filho, um irmão. Toda vida é importante”, afirma locutora.
Com informações O Gobo