A Polícia Federal concluiu nesta sexta-feira (28) o inquérito sobre o ataque ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo o delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável pela investigação, o crime foi motivado por discordância política e a investigação aponta que o agressor agiu sozinho no momento do ataque.
O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, que confessou o crime, será indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional.
Rodrigo Morais, delegado da PF
O delegado afirmou, no entanto, que até o momento não há indícios de que haja o envolvimento de mais pessoas no crime. “Até agora, como eu disse, não tem nada nesse sentido”, disse Morais.
Apesar da conclusão de que o agressor agiu sozinho no momento do ataque, a Polícia Federal abriu um segundo inquérito para apurar se houve a participação de outras pessoas no crime.
Segundo o delegado, o agressor confirmou no interrogatório que agiu por motivações políticas e disse que, no dia do crime, saiu de casa com a faca utilizada no ataque envolta em jornal e escondida dentro da roupa.
“Ele diz também que saiu de casa naquele dia já com a faca envolta em jornal, dentro de sua jaqueta, e saiu perseguindo os locais em que possivelmente o candidato estaria”, afirmou o delegado.
Segundo Morais, a quebra de sigilo bancário de Adélio e os objetos apreendidos com ele não levantaram suspeitas sobre a participação de outras pessoas no crime. De acordo com o delegado, no interrogatório Adélio afirmou ter agido sozinho.
A Polícia Federal apresentou as conclusões do inquérito nesta sexta-feira (28), em entrevista a jornalistas na sede da instituição em Brasília.
Segundo inquérito
A fim de acelerar a investigação e dar uma resposta sobre o ataque em si, os investigadores decidiram abrir um novo inquérito, que será focado na possível participação de outras pessoas no planejamento e na execução do atentado. A polícia informou que fará uma devassa nos últimos dois anos de vida do criminoso.
Neste segundo inquérito a Polícia Federal devera analisar dados do sigilo telefônico de Adélio nos últimos cinco anos, além de mensagens por aplicativo de celular, e-mails, extratos bancários e seis HDs com dados apreendidos relacionados à investigação.
“O que nós concluímos é que no dia da execução do atentado em si ele estava sozinho, a investigação prossegue no sentido de identificar outros envolvidos”, afirmou Morais.
A Polícia Federal estuda ouvir o depoimento do próprio Bolsonaro neste segundo inquérito.
Adélio Bispo de Oliveira foi preso logo após esfaquear Bolsonaro, em 6 de setembro, durante atividade de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Na audiência de custódia, ele assumiu a autoria do crime e disse que o fez por motivação política e religiosa. A Polícia Federal abriu inquérito para elucidar duas questões que, apesar da confissão, permaneciam em aberto: se o suspeito havia tentado matar o candidato a mando de outra pessoa e/ou se havia sido financiado por terceiros.
Sob pressão devido ao calendário eleitoral, os agentes da PF ouviram testemunhas e apreenderam bens de Adélio, entre os quais quatro celulares e um notebook. O material foi enviado para perícia em Belo Horizonte e, posteriormente, constatou-se que o computador não era usado há um ano. Além disso, dois telefones também estavam sem funcionamento.
O resultado preliminar da perícia ajudou a reforçar a tese inicial da Polícia Federal, a de que Adélio seria um “lobo solitário”.
O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Morais, confirmou, em entrevistas, que a investigação caminhava para esse desfecho. A tese não agradou Bolsonaro, que, em sua primeira entrevista em vídeo desde o atentado, fez duras críticas à Polícia Federal. À rádio Jovem Pan, o candidato disse que poderia ocorrer uma tentativa de “abafar” o caso por parte da PF. O político e seus aliados afirmam acreditar na hipótese de que o agressor agiu a mando de terceiros.
Com informação do UOL