O ex-diretor da empresa paulista de infraestrutura rodoviária (Dersa), Paulo Vieira de Souza, foi preso nesta sexta-feira, 6, em São Paulo, pela Polícia Federal. Vieira é apontado como operador do PSDB e acusado de desvio de recursos públicos durante obras do governo tucano no Estado de São Paulo entre os anos de 2009 e 2011.
Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, foi preso em casa e foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. A Justiça Federal determinou a prisão preventiva do ex-diretor da Dersa e autorizou busca e apreensão em sua residência.
O advogado Daniel Bialski, que defende o ex-diretor, disse que desconhece o motivo da prisão. Em nota, os advogados Bialski e José Roberto Santoro afirmam: “A defesa do engenheiro Paulo Vieira de Souza informa que a prisão do ex-diretor de Engenharia do Dersa nos governos Geraldo Alckmin e José Serra NÃO tem qualquer relação com a Lava Jato. Foi decretada no âmbito de processo sobre supostas irregularidades ocorridas em desapropriações para construção do Rodoanel Sul. No entendimento da defesa, trata-se de uma medida arbitrária, sem fundamentos legais, além de desnecessária diante do perfil e da rotina do investigado, sempre à disposição da Justiça”.
Em nota, o PSDB afirmou que “não manteve, em tempo algum, qualquer vínculo com o sr. Paulo Vieira de Souza. O partido mantém seu total apoio às investigações e espera que o caso seja elucidado o mais rapidamente possível e os culpados, punidos de acordo com a lei”.
José Geraldo Casas Vilela, funcionário da Dersa, também teve a prisão preventiva decretada. A PF não encontrou ele em casa esta manhã. Advogados disseram à PF que ele vai se apresentar ainda nesta sexta-feira. No dia 22 de março, a força tarefa da operação Lava Jato em São Paulo ofereceu denúncia contra Souza e mais 4 suspeitos de desviar R$ 7,7 milhões de 2009 a 2011 (valores da época) de obras públicas.
A denúncia
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Paulo Vieira de Souza comandou o desvio de dinheiro como o destinado ao reassentamento de desalojados por obras do trecho Sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo, durante os governos de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin.
Paulo Preto e os outros 4 suspeitos foram denunciados pelo MPF pelos crimes de formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema público e peculato, que é a apropriação de recursos públicos.
A denúncia foi feita após uma investigação iniciada no Ministério Público Estadual de São Paulo pelos desvios de apartamentos e de pagamentos de indenizações. Durante as investigações, a Promotoria da Suíça informou que Souza mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil.
Paulo Vieira de Souza foi diretor da estatal que administra as rodovias em São Paulo entre 2005 e 2010. Os procuradores pediram a quebra do sigilo bancário dele. Além de autorizar a suspensão do sigilo, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou o bloqueio dos eventuais saldos que existam nas contas dele no exterior.
Os documentos suíços revelaram que o dinheiro estava em quatro contas bancárias, abertas em 2007, por uma offshore sediada no Panamá, cujo beneficiário é Paulo Vieira de Souza e que, em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido da Suíça para um banco nas Bahamas. A juíza diz que há fortes indícios dos crimes de peculato e falsidade ideológica, bem como o enriquecimento injustificado.
Na ocasião da denúncia do MPF, no dia 22 de março, a Dersa disse em nota que “em 2011 organizou seu Departamento de Auditoria Interna, instituiu um Código de Conduta Ética, cuja adesão é obrigatória para todos os funcionários e contratados, e também abriu canais para o recebimento de denúncias que garantem o completo anonimato da fonte”.
Já o PSDB declarou que não tem qualquer relação com o réu ou com os fatos narrados.
Com informações G1