A PGR (Procuradoria-Geral da República) analisa, desde o dia 17 de janeiro, o relatório da perícia forense realizada na Caixa Econômica Federal e que resultou no afastamento inicial de quatro vice-presidentes do banco por suspeitas de participação em um esquema de favorecimento de empresas em troca de propina. Os procuradores vão apurar se há indícios de que o presidente Michel Temer (MDB) e ministros do seu governo cometeram crimes relacionados à Caixa Econômica.

A perícia forense realizada pelo escritório Pinheiro Neto Advogados foi encomendada pela Caixa Econômica Federal depois que o banco entrou no foco do MPF (Ministério Público Federal). O documento foi encaminhado à PGR porque ele contém menções sobre políticos com foro privilegiado como Michel Temer e o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

As principais menções a Temer se referem a um e-mail enviado pela Vice-Presidência da República, à época ocupada por Michel Temer, ao então vice-presidente de Operações Corporativas da Caixa Roberto Derziê. No e-mail, Temer intercede para a nomeação de um funcionário da Caixa para ocupar a Superintendência Regional do banco em Ribeirão Preto (SP).

Em outro trecho do relatório, o ex-executivo da Caixa Antônio Carlos Ferreira diz ter se encontrado com Michel Temer em 2014 após uma reunião com o então deputado federal Eduardo Cunha.

Ferreira disse que Cunha exigiu que ele apresentasse uma relação com todas as operações de crédito da vice-presidência de Operações Corporativas do banco acima de R$ 50 milhões que haviam sido liberadas ou que estavam prestes a serem realizadas. O ex-executivo disse que se negou a fornecer os dados e que, logo após o encontro, se encontrou com Temer, a quem relatou a pressão exercida por Cunha.

Aos auditores responsáveis pelo relatório, Ferreira disse que Temer tentou tranquilizá-lo dizendo que ele deveria continuar a trabalhar normalmente e que Cunha era um “deputado controverso”. Cunha negou ter exercido influência na Caixa Econômica e afirmou que as declarações de Ferreira eram “falsas”.

A principal menção ao ministro Moreira Franco foi feita pelo ex-executivo da Caixa Giovanni Alves. Em julho de 2014, ele enviou um e-mail para Roberto Derziê com uma série de informações sobre um potencial cliente do banco no qual cobra um retorno a alguém cujo apelido era “CB”.

Segundo o relatório, “CB” é uma abreviação para “cabeça branca”, apelido atribuído a Moreira Franco, que foi vice-presidente de Fundos de Governo da Caixa entre 2006 e 2010. Quando Giovanni enviou o e-mail a Derziê, portanto, Moreira Franco não era mais funcionário do banco.

Com informação do UOL