A grande Fortaleza concentrava, em 2002, 46,71% do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, o equivalente a R$ 13,4 bilhões dos R$ 28,7 bilhões de todo o Estado. De lá para cá, o índice vem diminuindo: 46,64% em 2010 (R$ 37,0 bilhões); 43,41% em 2016 (R$ 60 bilhões) e em 2017 atingiu 41,64% (R$ 61,57 bilhões) dos R$ 147,89 bilhões do Ceará. Apesar da descentralização da riqueza da capital para o interior, os três municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, Fortaleza (R$ 61,57 bilhões), Maracanaú (R$ 8,53 bilhões) e Caucaia (R$ 5,86 bilhões), são responsáveis por mais da metade (51,37%, ou seja R$ 75,9 bilhões dos R$ 147,89 bilhões) do PIB do Estado de 2017.
Os dados estão no trabalho Produto Interno Bruto Municipal – nº 03 (dezembro/2019) – Análise do PIB dos Municípios Cearenses – 2002/2010/2016/2017, divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na manhã desta sexta-feira (13). Os dados mostram, detalhadamente, o PIB – inclusive per capita – de cada um dos 184 municípios cearenses, assim como as mudanças de posição com relação aos números de trabalho idêntico de 2016. Esta é a primeira vez que o PIB dos municípios cearenses é divulgado através de iniciativa conjunta entre o Ipece e o IBGE/Ceará, representado por Hélder Rocha, supervisor de Disseminação de Pesquisas do instituto.
O analista de Políticas Públicas Daniel Suliano, um dos autores do estudo publicado pelo Ipece/IBGE, destaca que, em 15 anos (2002 a 2017), dois municípios se destacaram na evolução da participação em relação ao PIB estadual: Caucaia e São Gonçalo do Amarante. O primeiro, em 2002, detinha 2,91% do PIB cearense e saltou para 3,96% em 2017, enquanto que São Gonçalo do Amarante passou de 0,26% para 2,08% no mesmo período. Os dez municípios melhores ranqueados, dentre os 184, são: Fortaleza (41,64%), Maracanaú (5,77%), Caucaia (3,96%), Sobral (3,01% de participação do PIB cearenses de 2017): Juazeiro do Norte (2,99%); São Gonçalo do Amarante (2,08%); Eusébio (2,0%): Aquiraz (1,49%); Horizonte (1,08%) e Itapipoca (1,05).
O documento revela que, com relação ao PIB per capita, o grande destaque foi o município de São Gonçalo do Amarante, que saltou da 65ª posição em 2002 para a segunda posição em 2016 e para primeiro lugar em 2017. Foi a primeira vez que um município cearense superou, em termos nominais, o valor de R$60 mil (R$ 63.843,00). São Gonçalo passou Eusébio, que em 2002, 2010 e 2016 tinha o melhor PIB per capita do Estado e que, em 2017, ficou em R$ 56,1 mil. Outros dois municípios que merecem destaque no crescimento do PIB per capita são Pereiro e Itarema. Em 2002, eles ocupavam apenas 99ª e 42ª posição, respectivamente, tendo no ano de 2017 saltado para a 9ª e 10ª posições, respectivamente.
Segmentos que compõem o PIB
O estudo também faz análise dos três segmentos que compõem o PIB: agropecuária, serviços me indústria. Em 2017, Missão Velha ficou em primeiro lugar na participação do Valor Adicionado da agropecuária do Estado (4,21%). Em 2002, esse município ocupava o 60º lugar. Missão Velha foi também o que apresentou a maior participação no setor agropecuário (53,01%) em 2017, sendo o único município com mais de 50% de sua economia nessa atividade. Quanto a atividade industrial, destaque para Itarema, que passou a integrar o grupo dos principais municípios industriais no Estado, respondendo por 1,53% do Valor Adicionado total da indústria e ocupando a décima colocação. Repetindo o ano de 2016, São Gonçalo do Amarante se manteve como o município mais industrial no Ceará.
Em 2002, apenas dois municípios registraram participação do valor adicionado bruto (VAB) dos serviços no total do VAB municipal acima de 50%: Fortaleza (65,65%) e Juazeiro do Norte (53,49%). Em 2017, um total de quatro municípios passou a registrar participação da atividade acima dos 60%: Pereiro (73,31%); Fortaleza (69,75%); Juazeiro do Norte (68,87%) e Jijoca de Jericoacoara (65,22%). Finalmente, foi registrado que o município de Graça em 2002 apresentou a maior participação da atividade de administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social no total do seu Valor Adicionado Bruto. No ano de 2017, Catarina passou a ocupar a primeira colocação no ranking cuja participação da administração pública no VAB municipal foi de 62,61%, seguido por Miraíma (62,24%), Graça (61,84%), Alcântara (61,17%), Baixio (60,37%) e Choró (60,28%).