Os pipeiros que integram a Operação Carro-Pipa no Ceará apontaram, durante audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (29/05), na Assembleia Legislativa, falhas no programa, como baixo valor pago pelo transporte e o sistema de aferição do serviço.
No debate, proposto pelos deputados Rachel Marques (PT), Carlos Felipe (PCdoB) e o deputado federal Odorico Monteiro (PSB-CE), o coronel Claudemir Rangel, representando o comando da 10ª Região Militar, acentuou que os procedimentos da operação são definidos pelo Ministério da Integração Nacional. O deputado Odorico Monteiro informou que irá formalizar um pedido de audiência pública junto à Câmara Federal, convidando representantes do Ministério da Integração Nacional, para discutir o aumento do preço do quilômetro percorrido, entre outras demandas dos pipeiros.
O presidente do sindicato dos pipeiros, Eduardo Araújo, ameaçou paralisar a categoria se os atrasos dos pagamentos não forem regularizados até a próxima segunda-feira. De acordo com Eduardo Araújo, em 10 anos, o valor pago pelo Exército só foi reajustado em 10%, enquanto os insumos foram majorados em 100% no período.
A principal queixa apresentada, além do baixo valor pago pelo transporte da água entre o manancial e a comunidade atendida, é o sistema de aferição do serviço. Eduardo Araújo frisou que o controle por GPS, por meio do aplicativo G Pipa Brasil, desenvolvido pelo consórcio TBK, tem apresentado falhas constantemente, não registrando o transporte das carradas corretamente, o que gera prejuízos para o pipeiro, que não recebe pelo serviço prestado.
O presidente do sindicato defendeu a necessidade de rever o sistema, já que o monitoramento pelo aplicativo não está atuando corretamente. Ele solicitou também que os pagamentos realizados pelo Exército não sofram tanto atraso. Segundo ele, há serviços prestados em setembro do ano passado que até o momento não foram pagos, porque a burocracia do Exército não funciona adequadamente.
Além dos atrasos, os pipeiros reclamaram do tratamento que recebem dos oficiais do Exército responsáveis pelo Programa Carro-Pipa. De acordo com Francisco Claudecir, pipeiro do município de Milhã, além de não receberem o dinheiro que lhes é devido, eles ainda ficam sem explicações sobre como devem proceder para ter seu direito assegurado, afirmou.
O coronel Claudemir Rangel, representando o comando da 10ª Região Militar, explicou que tem procurado dar toda a atenção aos problemas que surgem na Operação Carro-Pipa. No entanto, não pode fugir dos rigores da lei, sob pena de cair em uma ilegalidade. Ele acentuou que os procedimentos da operação são definidos pelo Ministério da Integração Nacional, e, portanto, cabe ao Exército apenas executar o que é definido. Ele explicou o funcionamento do aplicativo desenvolvido pela TDK e disse que, se for necessário, serão feitos ajustes.
A deputada Rachel Marques, que presidiu a audiência pública, ressaltou que as pendências precisam ser resolvidas para que o serviço continue a ser prestado com eficiência. Ela lembrou que os valores pagos estão defasados e que o não funcionamento do GPS em vários lugares onde são captadas as águas e entregues as cargas também estão gerando falta de dados e, consequentemente, prejuízos aos pipeiros.
Também participaram da audiência pública o deputado Carlos Felipe (PCdoB); o deputado Carlos Matos (PSDB); a coordenadora do Conselho Municipal de Defesa Civil, Francileuda Delfina; André Simões, representando consórcio TBK, e o assessor parlamentar da 10ª Região Militar, coronel Luiz Benício.
Com Agencia AL