O Ministro da Educação, Camilo Santana, tem pressa e quer acelerar as transformações do ensino público a partir da bem sucedida experiência adotada no Ceará. Com o olhar para o futuro, Camilo faz planos para o quadriênio da gestão Lula, embala os sonhos das mudanças na educação brasileira com o amplo diálogo envolvendo prefeitos, governadores, secretários estaduais e municipais, universidades e especialistas no ensino público.

A meta é ousada, mas Camilo a descreve sem meias palavras: tempo integral nas escolas públicas de todo o País. Isso significa mexer e transformar a vida de 32 milhões de crianças e pré-adolescentes que ficariam o dobro do atual tempo nas atividades de aprendizado, culturais e esportivas dentro da escola.

“O plano será ousado para que possamos dar um salto mais rápido na educação do País”, resume o Ministro Camilo, em uma das muitas análises que faz na entrevista publicada, nesta sexta-feira (20), pelo Jornal O Estado de São Paulo.

O Ceará, administrado por Camilo ao longo de oito anos, é, ao lado do vizinho Pernambuco, o Estado com mais avanços na implantação do ensino em tempo integral.

‘’A maior política de prevenção à violência é implementar a escola em tempo integral em todos os níveis’’. relata Camilo Santana, ministro da Educação.

DIÁLOGO E COOPERAÇÃO

Ao ser questionado sobre os desafios, o ministro Camilo Santana destaca a meta de melhorar a posição do Brasil no cenário mundial da educação pública e, nesse contexto, admite que muitas questões precisam ser corrigidas.

‘’Não é algo que consegue de um ano para o outro. Exige cooperação entre os entes, alfabetização, qualificação dos professores. Apenas ⅓ um terço das crianças consegue aprender a ler e a escrever na idade certa’’, expõe Camilo, ao lembrar que, entre os professores, quase 400 mil não têm licenciatura ou formação para a área que ensina. ‘’Precisamos corrigir isso urgentemente, envolvendo universidades, Capes, com bolsas’’, observa.

Dentro dessa agenda puxada, Camilo revela o plano mais ousado: a escola em tempo integral. ‘’É outra determinação do presidente: uma proposta para universalizar e permitir que as escolas sejam de ensino integral’’, acrescenta o Ministro da Educação, ao defender que esse modelo de convivência na escola envolva todas as séries.

A vontade mudar é, porém, acompanhada pelas palavras de cautela. ‘’Mas, claro, vamos definir planejamento, que se inicia pelo médio, nas últimas séries do fundamental, os anos mais delicados para o jovem. Queremos apresentar um plano para os próximos cem dias. Será ousado para que possamos dar um salto mais rápido na educação do País’’, antecipa Camilo.

Segundo o Ministro da Educação, além de garantir oportunidade para as crianças, a escola de tempo integral é uma política de proteção da meninada. ‘’A maior política de prevenção à violência é implementar a escola em tempo integral em todos os níveis’’, afirma Camilo Santana, que vai percorrer o País para ampliar o debate sobre as mudanças que precisam ser feitas no ensino público brasileiro.