O PMDB decidiu nessa quinta-feira (10) punir os deputados que votaram a favor da denúncia contra o presidente Michel Temer na semana passada. Segundo comunicado da Executiva da legenda, esses seis parlamentares ficarão suspensos, por 60 dias, de suas funções partidárias. A medida, segundo técnicos do partido, é cautelar. Neste período, o Conselho de Ética do PMDB irá analisar as punições que serão aplicadas aos infiéis. Ao final do processo, o deputado poderá sofrer desde uma advertência, até a expulsão do partido.
A medida afeta os deputados Celso Pansera (PMDB-RJ), Laura Carneiro (PMDB-RJ), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Sergio Zveiter (PMDB-RJ), Veneziano Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Vitor Valim (PMDB-CE). Jarbas, por exemplo, é vogal no diretório de Pernambuco, e será suspenso de qualquer função partidária durante esse período.
Por meio de nota o partido disse que “O PMDB, em cumprimento à decisão unânime da Comissão Executiva do partido, suspendeu por 60 dias, de suas funções partidárias, os deputados que votaram a favor da denúncia do presidente da República, Michel Temer. Esta decisão foi tomada por descumprimento dos parlamentares ao fechamento de questão sobre o assunto em reunião realizada no dia 12 de julho, em Brasília. O ato de suspensão já foi comunicado a todos os filiados e ao Conselho de Ética do partido”.
A comunicação foi feita pelo presidente do partido, senador Romero Jucá (RR). O senador também enviou a decisão para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante esses 60 dias, esses deputados não poderão atuar em atividades da Executiva ou de diretórios do partido nos estados. Além disto, o líder da legenda na Câmara, Baleia Rossi (PMDB-SP), pode substituir aqueles que ocupam cargos ou relatorias nas comissões da Casa. No caso de Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), não haverá punição, já que ele se absteve na votação.
Segundo assessores do Palácio do Planalto, a decisão de suspender os infiéis no PMDB é um aceno importante para o resto da base e dá uma “satisfação” ao presidente Michel Temer, que enfrentou resistência em seu próprio partido.
PUNIDOS RECLAMAM DE DECISÃO: “RÍDICULA E COVARDE”
Os deputados Sérgio Zveiter e Vitor Valim reagiram com ironia a decisão da direção do PMDB e estão avaliando se deixam o partido ou o questionam nas instâncias partidárias . Zveiter disse que considerou a decisão “ridícula” e “covarde”. Valim afirmou que foi pego de surpresa, atacou duramente Jucá e disse que pode ter sofrido revanchismo por haver dito que o senador estava junto “com o banana de pijama” do Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento. Há rumores de que Zveiter pode se filiar ao Podemos. Ele diz que nesta sexta-feira (11) terá novidades e tripudiou da pena branda, apenas suspensão das atividades partidárias, uma pena inócua.
No mesmo tom, o deputado Vitor Valim disse que ficou perplexo com o fato de “figuras como Jucá” estarem exigindo qualquer coisa de alguém. O deputado cearense afirmou que, ao contrário de Jucá, “que anda agarrado” em governos, sua história é “uma linha reta”. Valim ainda ironizou o fato de ser punido por Jucá, destacando que, apesar de “ser menor do que ele na política”, suas histórias são bem diferentes.
A deputada Laura Carneiro reagiu à decisão do partido. Ela passou o dia atuando como porta-voz do PMDB na comissão da reforma política.
O deputado Jarbas Vasconcelos disse, por meio de nota, que a punição é “algo esdrúxulo” e atacou a direação nacional do partido.
Com informações O Globo