O pecuarista e vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto, disse ao Estado que a Polícia Federal (PF) foi irresponsável ao anunciar a operação Carne Fraca como a maior da sua história. Segundo ele, o tamanho do problema é menor em relação ao estardalhaço que foi feito.
“A PF foi irresponsável. Acho que existe pontualmente algo muito real e que tem de ser penalizado, mas é menor do que foi apresentado. Por ser menor, me preocupa o estrago que possa provocar”, afirmou Camargo Neto. Na sua opinião, quem vai pagar a conta é o pecuarista, o elo mais fraco da cadeia, disse. A seguir trechos da entrevista.
Como o senhor vê essa operação e qual é o estrago que provoca na pecuária brasileira?
Crime é crime: crime grave, punição grave; crime leve, punição leve. É por aí. Que bom que estão apurando. Agora o estardalhaço que a Polícia Federal (PF) fez para apresentar o que encontrou depois de dois anos de investigação é o que eu não consegui entender. Quando a PF apresentou a operação como a maior da história, ela deu destaque para o tamanho crime. Mas quando você vai para os fatos… Acho que existe pontualmente algo muito real e tem que ser penalizado, mas é menor do que foi apresentado. A PF aumentou o problema. Temos de mostrar o seu devido tamanho. E por ele ser menor, me preocupa o estrago que possa ocorrer.
O senhor acha que houve irresponsabilidade da PF?
Ela tem de se explicar. Acho que a PF foi irresponsável ao apresentar como a maior operação da sua história uma coisa na qual identificou pontualmente alguns problemas. Não é que você tenha uma zorra total no Brasil. A maior operação total da história do Brasil teria de ser por causa de uma zorra. E essa zorra não existe.
Qual é o estrago que isso pode provocar?
Há dano para o setor, não só para as empresas. No mercado interno, as pessoas não estão querendo comer carne. O impacto internacional eu não sei dizer ainda. Não sei se algum país vai deixar de comprar carne. É cedo. Às vezes um país europeu não suspende, mas uma rede de supermercado suspende. É uma decisão imediata e pode provocar efeito dominó. Se uma rede europeia informa que não está comprando de determinado frigorífico, ela pode ser acompanhada por um país, por exemplo.
Qual será o impacto para o pecuarista?
O produtor é quem vai pagar o pato. É o elo mais fraco. Sobra para o pecuarista. Na hora que a indústria não vende, ela não compra. É difícil dizer quanto, mas que vai pagar, vai.
Com informações O Estado de São Paulo