A Polícia Federal solicitou nova quebra de sigilo bancário no inquérito que investiga se o presidente Michel Temer (MDB) recebeu propina do setor portuário. Desta vez a PF pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso para obter os extratos bancários da empresa Eliland do Brasil, suspeita de ser usada como fachada para recebimento de propina pelo coronel João Baptista Lima, amigo de Temer desde os anos 90 e suspeito de ser captador de propina para o emedebista.O pedido chegou ao Supremo no último dia 18 de julho, durante o recesso do Judiciário. Por isso, só foi distribuído ao gabinete de Barroso na quarta (1º), com o retorno dos trabalhos.
A suspeita da PF é que a Rodrimar, concessionária do porto de Santos, fez pagamentos de propina à Eliland por meio de um contrato de fachada, cujo objetivo seria repassar propina a Temer em troca de benefícios no setor portuário. A Eliland tem ligações com pessoas próximas ao coronel Lima. Por isso, a PF quer ter acesso à movimentação bancária da empresa no período do contrato –entre os anos 2000 e 2010. O objetivo é rastrear o caminho do dinheiro da possível propina do porto de Santos até o coronel Lima ou até o presidente Michel Temer –o porto é um tradicional reduto de influência política do emedebista.
O ministro Barroso já havia autorizado anteriormente a quebra dos sigilos bancário e fiscal do próprio presidente da República e de personagens investigados no caso, dentre eles o coronel Lima e as empresas dele. As suspeitas sobre a Eliland surgiram após a Operação Skala, deflagrada em 29 de março. Documentos coletados nas buscas mostraram que um contador da Argeplan, empresa do coronel Lima, era gerente da Eliland.
Até o momento, os investigadores não receberam os extratos completos dessas primeiras quebras de sigilo, por isso a PF ainda não conseguiu concluir o inquérito –na quarta (1), Barroso autorizou a prorrogação da investigação por mais 60 dias.
Em depoimento prestado por escrito à PF, Temer já negou ter recebido pagamentos indevidos de empresas portuários e disse que não interferiu em favor dessas empresas na administração pública. A assessoria do presidente divulgou na semana passada a seguinte nota sobre os fatos em investigação: “O presidente jamais recebeu qualquer tipo de propina da Rodrimar. O decreto dos portos não beneficiou a empresa. E foi assinado em 2017. Todos supostos pagamentos citados na investigação são de anos anteriores, quando não havia previsão de de Michel Temer vir a ser o presidente da República e assinar essa normatização do setor”.
A defesa do coronel Lima também nega irregularidades e diz que ele nunca cometeu crimes. A Rodrimar já disse que não fez pagamentos indevidos nem se beneficiou irregularmente de medidas do governo Temer.
Com informações O Globo