A circulação de mensagens via Whatsapp nos últimos dias sobre uma suposta nova greve dos caminhoneiros será investigada pela Polícia Federal (PF). O objetivo, segundo auxiliares do presidente Michel Temer (MDB), é identificar os remetentes para verificar quem teria a intenção de causar nova instabilidade no país, às vésperas das eleições.
Os autores e veiculadores das informações podem responder por crime contra a economia popular e por publicidade enganosa, segundo o Ministério da Segurança Pública. Em nota, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que as informações são falsas. Ressaltou que a difusão das mensagens causa transtorno à população, prejuízo ao mercado e tem grande potencial de provocar desordem pública. A pena para quem cometer esse tipo de crime é de quatro a 18 anos.
A proliferação de áudios de supostos caminhoneiros, alguns sem identificação, e de vídeos sobre uma possível paralisação chegou a provocar filas em alguns postos de combustível no país. No Distrito Federal, motoristas correram para abastecer os carros com receio de ter que enfrentar uma nova crise de desabastecimento.
Entre os informes que circularam nos últimos dias está o comunicado de uma entidade denominada União dos Caminhoneiros (UDC), com data de 30 de agosto, que alerta para uma nova greve depois do feriado de 7 de setembro. Sem se referir diretamente ao preço do diesel, que subiu no sábado, o documento afirma que o governo não cumpriu as promessas feitas aos caminhoneiros durante a greve em maio.
UDC desmente iniciativa
Segundo dirigentes de entidades que negociaram o acordo com o governo, a UDC existe, mas não tem representatividade. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) divulgou uma nota para tranquilizar a população. “A Abcam esclarece que desconhece a representatividade da União dos Caminhoneiros (UDC). Pedimos que a população fique tranquila, pois estamos em constante diálogo com o governo”, diz a Abcam.
Depois do anúncio da investigação pela PF, a UDC divulgou comunicado desmentindo o que chamou de “boatos de uma nova paralisação” e dizendo que há um movimento que está usando indevidamente o nome da associação.
Técnicos do Ministério dos Transportes lembram, que a paralisação de maio começou pelas redes e ganhou força rapidamente devido ao perfil da categoria, um universo de 2,6 milhões de caminhoneiros em todo o país sem liderança definida. Por isso, o governo está monitorando a situação e já acionou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para atender pleitos da categoria, como a correção da tabela do frete para incorporar o aumento do diesel e providências para fiscalizar o cumprimento do preço mínimo do transporte.
Fiscalização da tabela
Os novos valores da tabela deverão ser anunciados pela ANTT ainda esta semana. Segundo fontes a par do assunto, o percentual será inferior ao reajuste de 13% no preço médio do diesel nos últimos meses porque o produto é apenas um componente da formação do custo do frete. As áreas responsáveis estão trabalhando em cima da tabela vigente desde 30 de maio, apesar das críticas do setor produtivo.
A ANTT discutirá em reunião, hoje, as regras da fiscalização do tabelamento do frete. Segundo levantamento da agência, foram registradas 2.897 reclamações entre junho e setembro. Uma das principais queixas dos caminhoneiros é que empresas do agronegócio não estão pagando os valores mínimos da tabela.
Com informações do Jornal O Globo