Equipes da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) do Ceará e da Polícia Civil do DF prenderam nesta sexta-feira (29), em Brasília, o procurador de Justiça aposentado, Ernandes Lopes Pereira, que é acusado pelo assassinato do delegado Cid Peixoto do Amaral Júnior, em 2008, com um tiro.
Ao ouvir a voz de prisão, o procurador ainda chegou a alegar que o mandato de prisão não estava mais valendo. Ele era amigo de infância de Cid Peixoto.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Distrito Federal disse que ele permanecia oficialmente na condição de foragido da Justiça desde o dia 14 de dezembro de 2018, quando teve a prisão por condenação decretada pelo juiz titular da 1ª Vara da Comarca do Eusébio, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza.
Após sere comunicado oficialmente da prisão, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) deverá solicitar a transferência dele para a capital cearense.
Cid tinha 60 anos ao ser morto com um tiro disparado pelo procurador. No dia estavam no local, um sítio de Ernandes, em Eusébio, dois homens, a mãe de Cid e funcionários. O crime aconteceu no fim da tarde de 13 de agosto de 2008. A vítima teria ido buscar a mãe, que fora convidada pelo acusado para conhecer a casa. O Ministério Público, juntamente com os advogados de acusação da família da vítima, defendeu que a ação de Ernandes foi deliberada.
Ernandes passou pouco mais de um ano preso. Em dezembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liberdade ao acusado. No decorrer do processo, uma das principais testemunhas, a mãe da vítima, que tinha 83 anos à época do crime, morreu.
O motorista de Ernandes, Carlos Alberto Herculano, conhecido como Cancão, em seu depoimento contou que o promotor aposentado estava consumindo bebida alcoólica desde a manhã do dia em que o crime aconteceu. Ele afirmou que Ernandes perguntou a Cid: “você já matou alguém?” e, em seguida, teria apontado a arma “para tirar o cartucho do carregador” na vítima, que foi atingida na cabeça, próximo à orelha. A testemunha de acusação contou que o ato não foi precedido de nenhum desentendimento.
A defesa argumentou que o tiro teria sido disparado involuntariamente, pois o réu estava com os reflexos do réu estavam comprometidos pela bebida. A perita criminal Luciana de Amorim, que trabalhou no caso, e foi testemunha de acusação explicou que a arma utilizada uma das mais seguras pois possui três travas de segurança e não dispara involuntariamente como disse o acusado.