Uma cooperação jurídica internacional entre autoridades da Romênia e do Brasil investiga se o presidente da Câmara dos Deputados do País Europeu, Liviu Dragnea, fez uso de laranjas para comprar imóveis e levar dinheiro no Brasil.

Segundo o procurador da República, Carlos Wagner Barbosa Guimarães, a suspeita é a de que o líder político romeno tenha usado valores oriundos de atos de corrupção para a aquisição de propriedades na praia de Cumbuco, no município cearense de Caucaia, a 30 km de Fortaleza.

Guimarães diz que o pedido das autoridades romenas inclui a quebra de sigilo bancário e fiscal e um levantamento patrimonial sobre supostos laranjas e empresas abertas por eles no Ceará.

Dragnea é um dos políticos mais importantes da Romênia e é alvo de investigações relativas a atos de corrupção. O líder partidário já chegou a ser condenado a dois anos de prisão por abuso de poder na votação do referendo sobre o impeachment do ex-presidente Traian Basescu, mas a sentença está suspensa.

A requisição de cooperação jurídica internacional foi feita pelo Ministério Público e pela Polícia Federal da Romênia e chegou ao Brasil em julho do ano passado, de acordo com o procurador.

O pedido de realização de diligências tramitou no DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão do Ministério da Justiça, e depois foi encaminhado à Procuradoria da República no Ceará.

Outro romeno na mira da investigação do Ministério Público Federal no Ceará é o empresário Mugurel Gheorgias, que possui investimentos em empresas registradas no Brasil. Ele é suspeito de ser operador de Dragnea.

Também serão objeto de apurações imóveis no Ceará relacionados ao empresário romeno Costel Comana, que morreu em condições suspeitas em 2015. O corpo de Comana foi encontrado no banheiro do avião que o levava à Costa Rica. Segundo a polícia do País da América Central, o romeno cometeu suicídio por enforcamento usando os cadarços de seus sapatos.

A investigação no Ceará também recai sobre o brasileiro Cauby Cursino Campos Júnior, que é sócio de parte das empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Guimarães afirma que, caso sejam encontradas provas de que os romenos lavaram dinheiro no Ceará, eles também poderão vir a ser réus perante a Justiça brasileira.

“Nosso objetivo é trabalhar para evitar que o Brasil passe a ser considerado um paraíso para lavagem de dinheiro com recursos públicos desviados de outros países”, disse o procurador. O Jornal Folha de São Paulo buscou fazer contato com Dragnea por meio do envio de mensagens ao celular do romeno e pelo e-mail oficial da Câmara dos Deputados da Romênia, mas não obteve resposta.

Segundo Guimarães, advogados brasileiros contratados pela defesa de Dragnea foram à Procuradoria para acessar os autos da cooperação jurídica e, na ocasião, negaram que ele tenha cometido crimes na Romênia ou Brasil. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Mugurel Gheorgias. Cauby Campos Júnior informou que não iria se manifestar.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo