O presidente Jair Bolsonaro decidiu adiar a filiação ao PL que estava programada para o dia 22 em Brasília e deixou em aberto a data para ingresso na sigla. Ao justificar a decisão, Bolsonaro disse que o casamento precisa ser, pelo menos, 99% perfeito. As divergências sobre os rumos do PL nos Estados o fizeram repensar o desembarque no partido dirigido pelo ex-deputado federal Valdemar Costa Neto.
“O casamento tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%. Se até lá nós afinarmos pode ser, mas eu acho difícil essa data, 22’’, disse Bolsonaro, ao destacar que o adiamento foi decidido em sintonia com o ex-deputado Valdemar Costa Neto. ‘’Tenho conversado com ele [Valdemar], estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento, para que ele não comece sendo muito igual aos outros”, observou.
Bolsonaro deu as declarações durante visita à Dubai Air Show, feira aérea no emirado do Golfo Pérsico. Coube ao presidente do PL, Valdemar Costa, por mensagem endereçada aos deputados federais da sigla, comunicar o adiamento da data para o ingresso do grupo bolsonarista na agremiação.
As informações sobre a possível liberação de diretórios estaduais nas eleições de 2022 pesaram na decisão de Bolsonaro. Um dos conflitos está no Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do País: os dirigentes estaduais do PL querem manter a aliança com o PSDB e apoiar a candidatura de Rodrigo Garcia ao Governo Estadual. Uma das exigências de Bolsonaro é que, como símbolo, o PL de São Paulo dê exemplo de fidelidade no projeto a caminho da reeleição e, se o partido ficar atrelado ao grupo do governador João Doria, a base de lealdade estará quebrada.
A decisão antecipada do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em liberar os diretórios estaduais para definir o rumo nas eleições presidenciais de acordo com as conveniências locais, pode ter sido uma pá de cal nas pretensões do partido em ganhar musculatura com a filiação de Bolsonaro.
O Diretório Estadual em Pernambuco comemorou a carta de alforria, enquanto, no Ceará, os liberais ligados ao Governador Camilo Santana também já trabalhavam com o cenário de que, mesmo com Bolsonaro no PL, o grupo governista não perderia apoio na sigla. As costuras para o presidente da República se filiar ao Partido Liberal vão continuar, mas os embaraços nessa caminhada surgiram de forma inesperada.