No mesmo campo ideológico do candidato do PT, Fernando Haddad, o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, criou uma estratégia para tentar buscar uma vaga no segundo turno: conquistar o eleitorado de Alckmin (PSDB). Com isso, Ciro pretende investir no discurso moderado para tentar conquistar os votos de centro que rejeitam o PT e também não votam em Jair Bolsonaro (PSL).
O foco do presidenciável pedetista é investir no chamado voto útil, atraindo principalmente o eleitor que tende a votar em Geraldo Alckmin (PSDB), mas pode desistir da ideia diante da queda do tucano nas pesquisas – Alckmin tem 7% das intenções de voto na pesquisa Ibope divulgada ontem.
A campanha do pedetista acredita que esses eleitores de centro vão perceber que a disputa presidencial caminha para a polarização entre a volta do PT, materializada em Haddad, que abertamente comanda sua campanha a partir da cela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, e o radicalismo de Jair Bolsonaro (PSL), internado no Hospital Albert Einstein desde que sofreu um atentado em Juiz de Fora, no dia 6 deste mês. Nesse sentido, os pedetistas veem chance de capturar os votos que iriam para o tucano.
Além de tentar buscar o voto de centro, a campanha de Ciro vai continuar disputando os eleitores lulistas que não pretendem votar no escolhido pelo ex-presidente. O coordenador da campanha de Ciro, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, disse que tem observado um movimento de eleitores que votariam em Lula, mas que agora podem migrar para o pedetista. “O Alckmin está desmanchando. Esses votos vão para onde? Vamos atrás do voto do Alckmin e do eleitor do Lula lúcido, aquele cara que não é um apaixonado cego”, resume Lupi.
O presidenciável do PDT tem batido em Haddad dizendo que quando o petista comandou São Paulo foi considerado o pior prefeito do país. Ciro tenta se diferenciar pontuando que tem um histórico de gestão mais robusto, e reapresentando propostas que têm tido boa repercussão, como o “Nome Limpo”, que pretende renegociar dívidas de brasileiros inscritos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), e suas soluções para a retomada do emprego.
Aliados de Ciro acreditam que acontecerá com Haddad trajetória semelhante à que ocorreu com a candidata da Rede, Marina Silva, em 2014, quando ela chegou a empatar com a petista Dilma Rousseff em primeiro lugar, e acabou amargando a terceira posição na disputa presidencial daquele ano, depois de sofrer uma campanha de desconstrução. Candidato ao governo de Rondônia, o senador Acir Gurgacz (PDT) avalia que a ideia de um segundo turno entre PT e Bolsonaro fará com que os eleitores pensem em Ciro.
“Esse crescimento do Haddad me parece ser daqueles do tipo boomerang, que vai e depois recua. Daqui a alguns dias vai cair a ficha nas pessoas de que pode estar surgindo um segundo turno de Haddad com Bolsonaro, o que seria uma coisa muito delicada para o país, e aí o Ciro, que tem tido uma subida lenta, mas consistente, ganha mais espaço”, avalia o senador.
Com informações do Jornal O Globo