Geraldo Alckmin (PSDB) tentará construir uma aliança para a corrida presidencial, o que pode dar à sua chapa mais tempo na propaganda eleitoral entre todos os postulantes ao Palácio do Planalto. Visando reduzir os questionamentos sobre a viabilidade de sua candidatura, o tucano trabalha para conquistar um maior espaço na TV, com o objetivo de emitir sinais de musculatura política e se tornar o principal nome do bloco de centro na eleição.
O governador paulista disse a aliados, nas primeiras conversas do ano, que pretende firmar uma aliança que garanta a ele um terço de cada faixa de 12min30s da propaganda eleitoral na televisão – ou seja, 4min10s. Com esse espaço, Alckmin poderá ter um programa mais longo que qualquer outro competidor. O tempo restante deve se dividir entre diversos candidatos. Segundo cálculos dos tucanos, restariam poucas combinações de partidos que poderiam superar a fatia do governador.
Aliados acreditam que Alckmin precisa dominar a campanha na TV para evitar o crescimento de um adversário lançado por uma coligação de grandes siglas, como o PMDB de Michel Temer. Os tucanos querem acelerar as negociações para a construção de sua aliança e bloquear a consolidação de novas candidaturas competitivas em seu campo político, como a do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e a do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD).
A aliados, o governador paulista disse que trabalha para firmar uma coligação com outros seis partidos além do PSDB, mas admitiu que a incerteza sobre o quadro eleitoral ainda dificulta o avanço das articulações. Alckmin discutiu uma potencial aliança com DEM, PP, PSD, PTB, PPS e Solidariedade, em conversa há cerca de uma semana. Com essas siglas, o tucano ocuparia 4min27s de cada bloco da propaganda – pouco mais do que um terço do espaço total.
Auxiliares acreditam que a conquista de um programa de TV amplo será interpretada como um sinal de força de Alckmin, cuja estagnação nas pesquisas alimenta dúvidas sobre sua viabilidade, mesmo entre os tucanos. Para o governador e seus homens de confiança, a propaganda terá peso especial na disputa, uma vez que a campanha será curta e os candidatos só devem decolar na reta final – principalmente depois do início da campanha na TV, em 31 de agosto. Por enquanto, Alckmin marca até 12% das intenções de voto nos cenários do Datafolha, apesar de ser conhecido por 85% dos eleitores do país, segundo pesquisa divulgada em dezembro.
O tucano quer usar a TV para tentar exibir realizações do governo paulista nos últimos anos, arma que pretende usar durante a campanha. O governador de São Paulo ainda determinou que sua equipe acelere a entrega de obras para que ele possa participar de suas inaugurações antes de deixar o cargo para disputar a Presidência, em 7 de abril.
Aliança com Partidos de concorrentes
A aliança que Alckmin desenha para conquistar a maior fatia da propaganda eleitoral revela sua intenção de manter negociações com partidos cortejados por Rodrigo Maia e Henrique Meirelles. O presidente da Câmara, do DEM, tem conversas avançadas com o PP e o Solidariedade, mas o governador paulista trata esses partidos como aliados preferenciais. Alckmin já indicou que poderia ceder a vaga de vice em sua chapa ao DEM, por isso, mantém contato com dirigentes do PP.
No dia 7 deste mês, Alckmin também conversou sobre a corrida eleitoral com o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, em um encontro no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Paulinho disse após a reunião que não foi discutida uma aliança, mas afirmou que o partido tem boa relação com Alckmin. O deputado do Solidariedade revelou também que, para ele, o governador tucano é o candidato mais visível nesse campo de centro.
Alckmin acredita ainda que poderá atrair o PSD, apesar das movimentações de Meirelles para disputar o Planalto. Nos últimos meses, o governador paulista se reaproximou de Gilberto Kassab, presidente da sigla, que fez acenos públicos ao nome do tucano para a disputa. Kassab poderá levar o PSD para a coligação de Alckmin em troca de apoio para uma candidatura a vice-governador em São Paulo, ou até mesmo um cargo na Esplanada dos Ministérios, caso o tucano se eleja presidente.
A negociação mais avançada se dá com o PTB. O presidente do partido, Roberto Jefferson, já declarou que a sigla deve apoiar Alckmin. O governador paulista chegou a viajar a Brasília para a posse de Cristiane Brasil, filha de Jefferson, no Ministério do Trabalho. A nomeação foi suspensa pela Justiça e o evento, cancelado.
Com informações da Folha de São Paulo