A pouco menos de um mês das eleições, 13% dos eleitores se dizem dispostos a anular seu voto ou votar em branco para presidente, segundo pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, 14. Dos que optam pelo voto nulo ou branco, 61% dizem que não mudarão de opinião.

O índice é bem superior ao encontrado em pesquisas Datafolha feitas cerca de um mês antes das eleições de 2014, 2010, 2006 e 2002 — era 6% em 2014 e 4% nas demais. Se seguir o exemplo dos dois últimos pleitos, a parcela de quem não vai optar por nenhum candidato ainda pode ser mais expressiva nas urnas: em 2014, 9,6% dos eleitores de fato anularam ou votaram em branco. Em 2010, foram 7%.

O voto nulo e branco também só não perde em convicção, nas últimas pesquisas, para os votos declarados em Jair Bolsonaro (PSL) e em Fernando Haddad (PT). No levantamento divulgado na sexta, 75% e 72% diziam estar “totalmente decididos” a votar nesses candidatos, respectivamente.

Para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, o alto índice de intenções de voto nulo ou branco — e de convicção — revela uma “manifestação de descontentamento dos eleitores, de não se sentirem contemplados pela oferta de candidatos e de partidos que está aí”.

“O que a gente tem até aqui mostra ser grande a probabilidade que a gente tenha uma taxa de brancos e nulos maior do que nas últimas eleições”, diz Paulino. O cenário com alto índice de votos brancos e nulos favorece o candidato que está na liderança, já que diminui o universo dos votos válidos e, por consequência, o número de votos necessários para passar para o segundo turno ou para ser eleito em primeiro turno.

Segundo o último Datafolha, mais da metade dos que declararam votar branco ou nulo continuam com esta opção no segundo turno, em todos os cenários apresentados.

No universo total, o cenário de segundo turno que teria menos votos nulos ou brancos (15%) é uma eventual disputa entre Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT). Em três outros cenários, o número de votos em nenhum candidato chega a 25%: quando Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) ou Ciro enfrentam Haddad.

Além das mulheres e eleitores mais velhos e do interior, o voto nulo ou branco faz mais sucesso entre quem tem formação até o ensino médio e renda mensal de até dois salários mínimos (47% dos que anulam ou votam branco têm esse perfil).

Dentro do grupo, 73% também dizem não ter partido de preferência e 28% rejeitam todos os candidatos. Bolsonaro, Marina e Haddad são os menos populares entre os que pretendem anular, com 39%, 20% e 16% dizendo que nunca votariam neles, respectivamente.

Ainda não está claro o quanto a oficialização da candidatura de Haddad, na última semana, poderia impactar nos próximos dias no número de nulos e brancos. No entanto, 55% dos que declaram esse voto responderam que não apoiariam um candidato indicado pelo ex-presidente Lula.

Outra peculiaridade das eleições deste ano é a alta parcela de indecisos a um mês das eleições. Na resposta espontânea, quando o entrevistador não mostra ao entrevistado a lista de candidatos, 32% disseram não saber em quem vão votar. Em 2014, esse índice era de 29% no mesmo período.

“Isso revela um comportamento desta eleição, de eleitores mais cautelosos, que esperam para decidir mais para a frente”, diz Paulino.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo