Das 17h às 19h, a professora e pesquisadora Núbia Agustinha realiza “Fios que tecem a vida”, projeto performático iniciado em 2019 em que, usando fios de cabelos cedidos por mulheres, ela borda os nomes das doadoras numa manta de algodão. Processo e obra constituídos por gestos de mulheres. “Sem elas, não há obra. Seus fios carregados de memórias e histórias produzem sentido à minha invenção”, diz a artista.
Já às 18h, também no pátio da Escola, a colombiana Daniela Yara Cantillo apresenta o solo de dança contemporânea “Yugo”. A partir de um monólogo literário da novela “Analia Tu Bari”, escrita por Roberto Burgos, cuja personagem é uma mulher africana escravizada, a peça tenta mostrar, através do corpo, todas aquelas emoções reprimidas que rasgam a vida, a própria essência que se relaciona com o mundo que a rodeia. “A narrativa impele a bailarina a improvisar, procurando se reconectar com sua raiz. O empoderamento da sua fraqueza como gerador de força”, resume a artista.
A partir das 19h, a escritora Nina Rizzi relança o livro “Sereia no copo d’água”, coletânea de poemas que é, a um só tempo, soco e acalanto. Dividido em cinco partes (matriochka, minha fantasma, sortilégios pra matar o meu benzinho, sereia no copo d’água, prólogo), a poeta desenha o perfil de mulheres que emergem diante de nós de modo corpóreo, violento e múltiplo. São Marielles, Carolinas Marias, Claires e Ivonkas atravessadas por lembranças, mescladas a aromas, texturas e objetos do cotidiano. Falam das descobertas do amor e do corpo, mas também da violência que espreita o Brasil e o mundo e definem suas escolhas e, por vezes, tolhe suas vidas; racismo, violência institucional, homofobia e machismo.
Fechando a noite, às 20h, as artistas Nathália Rebouças, Letícia Monteiro, da banda Pulso de Marte, comandam a Marujada Mulheres, uma jam session com músicas autorais e repertório baseado em compositoras brasileiras, com participações de Luiza Nobel, Lila Almeida e grupo Filosofia Inverso.
A mulher no Porto Iracema das Artes
Ao longo de seus quase sete anos, a Escola Porto Iracema das Artes sempre deu destaque para a presença feminina. Além de ser dirigida por uma mulher, a jornalista e professora Bete Jaguaribe, temos mais de 60% de mulheres entre os funcionários de toda a Escola. Em 2018, o Porto Iracema adotou como norteador das ações formativas e eventos o tema “Poéticas do Feminino”, dando ainda mais atenção às questões que atravessam as mulheres no cenário contemporâneo.
À época, foram realizadas parcerias com diversos coletivos femininos da Cidade, que estiveram na Escola apresentando suas formas de atuação e necessidades de apoio. Em resposta, a Escola realizou junto ou deu apoio a oficinas, ensaios fotográficos, clipes audiovisuais, eventos e um show musical que compôs a programação do aniversário do Porto naquele ano.
Uma das parcerias persiste até hoje é com o coletivo Mulheres Negras Resistem CE, que fará sua aula inaugural no próximo dia 14, ainda dentro da programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher. A convidada deste ano é a escritora e atriz carioca Cristiane Sobral, que falará sobre o tema “Rasuras no cânone – Não vou mais lavar os pratos: palavras com gosto de libertação”. A palestra inicia às 18h30min, no nosso auditório, e é aberta ao público. Veja mais informações aqui.
SERVIÇO
Quando: Dia 12 de março, a partir das 16h
Onde: Pátio do Porto Iracema das Artes (Rua Dragão do Mar, 160, Praia de Iracema)
GRATUITO
16h – Feira do Mar
17h – Performance “Fios que tecem a vida”, com Núbia Agustinha
18h – Apresentação do solo “Yugo”, com Daniela Yara Cantillo
19h – Relançamento do livro “Sereia no copo d’água”, de Nina Rizzi
20h – Show Marujada Mulheres, com Nathália Rebouças, Letícia Monteiro, Luiza Nobel e convidadas
O que: Aula inaugural do projeto “Mulheres Negras Resistem”, com Cristiane Sobral
Quando: Dia 14 de março, a partir das 18h30min
Onde: Auditório do Porto Iracema das Artes
GRATUITO