O PC do B terá uma candidatura própria à Presidência pela primeira vez desde a redemocratização brasileira, que remota aos 80. A escolhida para representar o partido no pleito é Manuel D’Avila, que se elegeu deputada federal aos 25 anos. Hoje com 36, a gaúcha se diz preparada e mostra língua afiada.

Questionada sobre o que espera de um debate com Jair Bolsonaro (PSL-RJ), a militante dos Direitos Humanos provoca: “Debate? Para debater, tem que ter ideias. Vou ficar falando sozinha.” Hoje deputada estadual no Rio Grande do Sul, ela garante que sua candidatura não será retirada mesmo se Lula puder concorrer: “O PT construiu mudanças importantes para o Brasil, mas sempre criticamos a política macroeconômica”.

Confira a entrevista completa com a pré-candidata do PC do B:

A senhora foi eleita deputada federal, ficou na Câmara por oito anos e, em 2014, decidiu migrar para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Por que se candidatou a deputada estadual se tinha pretensão nacional?

São momentos bem diferentes. Quando decidi voltar ao Rio Grande do Sul, tinha muita vontade de voltar a militar no meu Estado. Saí muito cedo de lá. Também tinha vontade de engravidar. Além disso, entre 2014 e 2018 a gente tem simplesmente um golpe no meio. O Brasil se entrega a uma verdadeira quadrilha.

Como avalia os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em pleno regime de intervenção do governo Temer na Segurança do Rio?

Demonstra que a intervenção não traz as consequências imaginadas. Não dialoga com aqueles que vivem a violência de forma mais intensa. Foi construída sem ouvir as comunidades, as pessoas que vivem nos territórios em disputa. O episódio reforça a necessidade do banco de controle de armas, da corregedoria e da ouvidoria nacional das polícias. A população precisa ter confiança de que as denúncias serão investigadas de forma célere.

Como vislumbra um debate seu com Jair Bolsonaro (PSL-RJ)?

Debate? Para debater, tem que ter ideias. Nesse caso, vou ficar falando sozinha. É o meu dever enfrentar alguém que acha que as mulheres podem ser estupradas e receber menor salário. E ele não terá respostas para me dar que não sejam agressões. É só o que sabe fazer. Quero ouvi-lo sobre Segurança Pública. Presidente tem que pensar em política pública. Ao afirmar “vou armar todo mundo”, Bolsonaro está dizendo que não vai fazer nada.

Por que avalia que ele está bem cotado nas pesquisas?

A candidatura dele é construída a partir de memes na internet. O processo eleitoral ajudará a população a conhecê-lo.

O PCdoB participou dos governos Lula e Dilma. A senhora poderá retirar sua candidatura para apoiar o PT?

Nossa candidatura não tem relação com isso. Defendemos que Lula possa se candidatar porque é o justo, e não porque nos convém. Disputemos nas urnas. Lula e Dilma construíram mudanças importantes para o Brasil, mas sempre criticamos a política macroeconômica. Fizemos ‘Fora Meirelles’, ‘Fora Palocci’ e ‘Fora Levy’.

Com informações do Jornal O Dia