O prefeito José Sarto anunciou, nesta quinta-feira (03), o Plano Municipal de Enfrentamento às Arboviroses, após liderar a 67ª reunião do Comitê Intersetorial sobre a temática. Durante o encontro, o Sarto destacou o cenário de arboviroses até então em 2022, em que nos dois primeiros meses do ano houve baixa transmissão de casos na comparação com os últimos anos, apontando uma situação de alerta, em especial para chikungunya.
Cenário Epidemiológico
De acordo com os registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), as oito primeiras semanas de 2022 sinalizam para um cenário ainda de baixa transmissão para arboviroses no Município, porém, com um sinal de alerta, em especial para o chikungunya.
Em Fortaleza, 1.065 prováveis casos de dengue foram notificados. Desses, 14,3% (152) foram confirmados. Já os números de chikungunya nos meses de janeiro e fevereiro de 2022 sinalizam para um cenário de alerta. O resultado das amostras testadas pelo Lacen para detecção de anticorpos IgM mostra uma positividade de 18,1% em janeiro e 32,6% em fevereiro, números superiores aos registrados no mesmo período de 2021. Já para a Zika, o cenário é de baixa transmissão.
“Nós temos feito um acompanhamento mensal e, ao percebermos um aumento de casos positivos de chikungunya em fevereiro, reforçamos as ações e estamos chamando atenção de todos para os cuidados com a prevenção da disseminação do mosquito. Entre as principais ações do Plano de Enfrentamento, temos o aumento das viaturas usadas pelos agentes, o uso de larvicidas e inseticidas, investimos na capacitação dos 3.507 agentes comunitários de saúde e agentes de endemia, e temos os 116 postos de saúde preparados para a abordagem desse combate”, destacou o prefeito.
O gestor também reforçou que as ações são intersetoriais.
“Temos investido em uma educação de prevenção contra o Aedes aegypti realizando ações continuadas, por exemplo, através da nossa rede de 242 mil alunos e 600 equipamentos de educação, utilizando da abordagem pedagógica com recursos como o teatro de bonecos e palestras”, acrescentou.
Plano Municipal de Enfrentamento às Arboviroses
Entre as ações planejadas, já em execução e sendo intensificadas pela gestão municipal, destacam-se:
– Aquisição de insumos e equipamentos: acréscimo de 18 viaturas, garantia de larvicidas, inseticidas e bombas costais
– Trabalho intersetorial envolve Agefis, Seuma, Defesa Civil e limpeza pública, com o intuito de recolher materiais que possam contribuir com a proliferação do mosquito
– Fortalecimento do trabalho educativo, com realização de mais de 40.000 ações/ano, incluindo a Operação Quintal Limpo, blitz, gincanas, peças teatrais, palestras, reuniões em associações e outras
– Cursos e formações para agentes de endemias e agentes comunitários de saúde
– Operação Inverno 2022: realizada desde dezembro de 2021, envolvendo cerca de 1.100 profissionais da vigilância ambiental de Fortaleza, em ações de prevenção e controle de arboviroses
– Aplicação de larvicidas e do inseticida UBV em Aerosystem, composto por um sistema apropriado para aplicação de produtos químicos dentro das residências
– Valorização profissional: a Prefeitura concedeu a agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias a progressão por tempo de serviço. Beneficia 3.507 servidores, com impacto anual de R$ 4,5 milhões. A progressão já consta na folha de fevereiro, paga em 1º de março, retroativa a janeiro de 2022.
Concentração de casos e ações direcionadas
Segundo o coordenador de Vigilância em Saúde, Nélio Morais, 50 mil imóveis foram avaliados e Fortaleza apresentou, nesse primeiro Levantamento de Índice Rápido Amostral para Aedes aegypti (LIRAa), feito de janeiro a fevereiro deste ano, um índice de 2.3.
“Esse índice significa ameaça, temos um índice confortável quando ele está abaixo de 1, e nesse período chuvoso, a tendência é o índice aumentar. A realidade de Fortaleza é distinta de uma Regional para outra, se for para a Praia de Iracema, o problema é um ralo em desuso, se for para a Regional 5, são baldes, garrafas, pneus com água, então é com esse retrato que nós agimos em campo. E não existe ainda ferramenta melhor do que impedir os criadouros”, salientou Morais.
Nos dois primeiros meses do ano, foram detectados surtos de casos suspeitos nos bairros Jardim das Oliveiras, Cidade dos Funcionários, Luciano Cavalcante e adjacências. Diante dessa maior concentração de casos de chikungunya em bairros da Regional de Saúde 6, profissionais das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) estão capacitados para identificar pacientes suspeitos, orientar acerca de exame diagnóstico, quando necessário, e realizar ações de promoção à saúde.
21 postos de saúde de referência distribuídos por toda a Cidade:
1. Floresta (Rua Ten. José Barreira, 251 – Álvaro Weyne)
2. Maria Aparecida (Av. K, 915 – Vila Velha)
3. Lineu Jucá (Rua Vila Velha, 101 – Barra do Ceará)
4. Irmã Hercília (Rua Frei Vidal, 1821 – São João do Tauape)
5. Rigoberto Romero (Rua Alameda das Graviolas, 195 – Cidade 2000)
6. Anastácio Magalhães (Rua Delmiro de Farias, 1679 – Rodolfo Teófilo)
7. César Cals 3 (Rua Pernambuco, 1674 – Demócrito Rocha)
8. Meton de Alencar (Rua Perdigão Sampaio, 820 – Antônio Bezerra)
9. Eliézer Studart (Rua Tomaz Cavalcante, 545 – Autran Nunes)
10. Dom Aloisio Lorscheider (Rua Betel, 1895 – Itaperi)
11. Gothardo Peixoto (Rua Irmã Bazet, 153, Damas)
12. Oliveira Pombo (Rua Rio Grande do Sul, s/n – Couto Fernandes)
13. José Paracampos (Rua Alfredo Mamede, 250. Mondubim)
14. Argeu Herbster (Rua Geraldo Barbosa, 1095 – Bom Jardim)
15. Maciel de Brito (Av. A, s/n – 1ª etapa- Conjunto Ceará)
16. Acrisio Eufrasino de Pinho (Cruzamento das ruas 12 e Palmeiras dos Índios – Pedras)
17. Maria de Lourdes (Rua Reino Unido, 115 – Jardim das Oliveiras)
18. Mattos Dourado (Av. Des. Floriano Benevides, 391 – Edson Queiroz)
19. Melo Jaborandi (Rua 315, nº 80 – Jangurussu)
20. Messejana (Rua Guilherme Alencar s/n – Messejana)
21. César Cals 6 (Rua Capitão Aragão, 555 – Alto da Balança)
Combate e prevenção às arboviroses
O Brasil enfrentou no período de 2013 a 2019, o momento mais crítico de seu cenário epidemiológico da dengue, as mais frequentes e maiores epidemias de toda a série histórica, anos 2013, 2015, 2016 e 2019.
Em contrapartida, a cidade de Fortaleza entre 2013 a 2021 não registrou nenhuma grande epidemia. Apenas em 2021, foram realizadas mais de um milhão de visitas e inspeções pelas equipes de endemias, com o objetivo de eliminar focos de arboviroses e conscientizar a população. As ferramentas para o controle da dengue e demais Arboviroses, juntamente com uma atuação efetiva, podem minimizar e limitar as ocorrências de epidemias de maiores magnitudes e frequências.
Para a secretária municipal da Saúde, Ana Estela Leite, a redução significativa de casos em Fortaleza foi uma demonstração de intervenções responsáveis realizadas com princípios técnicos e motivadores.
“Os resultados favoráveis são consequência de diversas ações preventivas, por isso, queremos agradecer aos Agentes de Controle de Endemias da cidade de Fortaleza. Os resultados alcançados nesses longos anos representam o compromisso dos mesmos com a saúde da população”, relatou a titular da SMS.
Estela também reforçou a importância do papel da população nas ações de combate ao Aedes aegypti.
“Nosso objetivo é chamar atenção da população para esse cenário de alerta com relação a chikungunya porque o principal enfrentamento é eliminar os focos do mosquito, levando em conta que mais de 70% dos focos são pequenos recipientes ou reservatórios que a população usa para guardar água. Daí a importância da população agir na eliminação dos criadouros”, frisou.
Para evitar as arboviroses, é necessário combater os focos em objetos que acumulam água e locais propícios para a criação do mosquito transmissor das doenças. Como forma de reduzir riscos, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.
Comitê Intersetorial
O encontro do Comitê Intersetorial de Combate às Arboviroses teve como objetivo a construção de uma rede integrada e organizada das ações de prevenção, controle, combate e assistência das arboviroses. O foco é disseminar as atividades durante todo ano, e não somente durante o período chuvoso.
Entre os temas debatidos durante a reunião estão as ações desenvolvidas para 2022 pelo poder público no combate à dengue, chikungunya e zika. O cenário epidemiológico atual e os resultados já obtidos com as atividades desenvolvidas pela Coordenadoria de Vigilância à Saúde de Fortaleza (Covis) também estiveram em pauta.
O Comitê de Enfrentamento às Arboviroses foi instituído pelo Decreto 13.995, em abril de 2017.
Também participaram da reunião a secretária executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ricristhi Gonçalves, o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima, o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos, Atualpa Soares, o coordenador de Vigilância em Saúde, Nélio Morais.
Por ser um trabalho intersetorial, com o envolvimento de várias pastas, estiveram presentes os secretários de Governo, Renato Lima (Segov), da Educação (SME), Dalila Saldanha, da Gestão Regional (Seger), João Pupo, da Segurança Cidadã, coronel Eduardo Holanda, além do secretário executivo do Urbanismo e Meio Ambiente, Pedro Rocha, e da superintendente da Agefis, Laura Jucá.
(*) Com informações Prefeitura de Fortaleza