A Prefeitura de Fortaleza iniciou, nesta terça-feira (05), a demolição do Edifício São Pedro, localizado no bairro Praia de Iracema. A demolição se dá após laudos técnicos apontarem a impossibilidade de qualquer recuperação do prédio, que oferece alto risco de desabamento, além da revogação de interesse público do imóvel por parte do Governo do Estado do Ceará. Os serviços são realizados pela Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), que já executa obras de requalificação viária e urbanização no entorno da estrutura.
Como relatou o titular da Seinf, Samuel Dias, com a ausência de manutenções necessárias ao longo dos anos pelos responsáveis legais, a administração pública municipal resolveu tomar a iniciativa de demolição, visando proteger as pessoas que vivem no entorno do Edifício São Pedro. “É importante lembrar que esse imóvel é particular, ele tem dono. Os donos dessa edificação é que são os responsáveis legais pela manutenção do prédio, não o poder público, e o restauro que não foi feito ao longo dos anos resultou nessa situação de risco de colapso iminente”, afirmou. Os trabalhos devem durar até 90 dias e não irão afetar o tráfego de pedestres e veículos nas vias próximas ao prédio. Ainda de acordo com o secretário, os custos do processo de demolição serão repassados para os proprietários do terreno e do Edifício São Pedro.
“Nós entendemos a importância do prédio para a cidade, mas agora é muito mais importante a segurança e evitar a morte de pessoas. Há o risco não só de desabamento, mas de desplacamento parcial do concreto do prédio, como já aconteceu algumas vezes. Além disso, já aconteceram acidentes fatais aqui no edifício e temos várias denúncias do uso da estrutura por usuários de droga. Então, para resolver a situação, a demolição era a solução possível”, afirmou.
O processo de demolição se dá pelo desmonte do prédio. Nesta terça-feira, a Seinf iniciou o escoramento e o prédio foi todo protegido por meio de escoras até o quarto andar para dar acesso com segurança. A partir disso, o trabalho será feito por guindastes e gruas, subindo até o topo, para desmontá-lo de cima para baixo. Esse material será guardado num terreno ao lado e depois será levado para usinas de reciclagem.
Margareth de Paula, chefe do Núcleo de Ações Preventivas da Defesa Civil, corroborou com o titular da Seinf e destacou que, além da inviabilidade técnica e econômica de recuperação do imóvel, a Prefeitura já realizava o monitoramento da situação predial desde o início da atual gestão.
“A Defesa Civil acompanha este prédio há muito tempo e, desde o início da gestão, estamos buscando evitar desastres aqui. Existem vários laudos que constatam o comprometimento estrutural do edifício. Na última vistoria realizada por nós, no fim do ano passado, constatamos mais uma vez que a recuperação não era possível: as ferragens já estão todas esfarelando, tem rachaduras de grande proporção, enraizamento de árvores e infiltração intensa em toda área construída”, comentou.
Evacuação e cuidado com as pessoas
A evacuação do Edifício São Pedro foi feita na última sexta-feira (01/03). Foram retiradas 16 pessoas em situação de rua: dois casais e 12 indivíduos. Como relatou Francisco Ibiapina, o secretário de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), equipes de assistência social fizeram os atendimentos necessários para solicitação de documentos e cadastro para Aluguel Social.
“A abordagem foi feita por uma equipe técnica da secretaria, com especialização em pessoas em situação de rua. Eles vieram, explicaram a situação e os motivos da demolição para as pessoas, e todos saíram por vontade própria. Eles compreenderam a situação. A Prefeitura fez a oferta dos serviços voltados para a população em situação de rua e oito deles optaram por dar entrada no Aluguel Social. A grande maioria deles não possui documentação, então também estamos auxiliando nisso”.
Ainda de acordo com a SDHDS, os grupos continuarão sendo acompanhados pelo Serviço de Abordagem Social do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua.
Reaproveitamento do entulho
Todo material gerado pela demolição do edifício será levado para uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil, que realizará a separação dos entulhos para que parte dele seja reaproveitado para a produção do material conhecido como BGS Reciclado (Brita Graduada Simples), que é composto da reutilização dos resíduos sólidos da construção civil, sendo utilizado como suporte de camadas de pavimentação (base e sub-base).
Feito o BGS, ele pode ser usado na produção de um novo concreto ou reutilizado na terraplanagem de obras viárias. O material atende as especificações da Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê uma série de ações que buscam solucionar o problema do manejo dos resíduos sólidos no Brasil. O uso do material resulta em menos poluição, baixo custo e reaproveitamento de 90% dos entulhos.