Há cerca de 7 meses o cotidiano dos cearenses se alterou de maneira drástica. Para conter o avanço da pandemia a população teve que se isolar e paralisar suas atividades, entre elas as da área da educação. Gradualmente há o movimento de retomada à normalidade, mas o cenário ainda causa temores, e nem todos os municípios do país tem condições de voltar com as atividades escolares ainda em 2020.
O assunto que afeta a vida de milhares de estudantes e de profissionais da área da educação, ganhou destaque no Bate-Papo político do Jornal Alerta Geral desta sexta-feira (16) com os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida, que aprofundaram a discussão em uma conversa com o presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (APRECE), Nilson Diniz.
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que, entre as 5.568 cidades brasileiras, 3.275 não tem condições para retomada das aulas presenciais na rede pública ou privada ainda em 2020. Pela pesquisa da CNM, 8 em cada 10 município descartam aulas com a presença dos estudantes em sala nos últimos dois meses e meio deste ano. Em relação ao Ceará, o presidente da Aprece avalia que diante do aumento de casos coronavírus é necessário ter cautela quando se pensa em uma retomada.
“A sala de aula representa, na cabeça de todos, um momento de muita aglomeração”, afirma Nilson Diniz.
Nilson Diniz ressalta que a Aprece tem se preocupado com a situação dos municípios cearenses e orienta que cada cidade faça uma avaliação própria da situação particular da localidade e então decida sobre o retorno ou não das aulas.
Aulas remotas
Com a suspensão das aulas nas escolas tanto da rede pública como da rede privada no início do isolamento social no Ceará, as aulas remotas se tornaram a alternativa mais viável para manter o contato com os estudantes e dar prosseguimento às atividades, mesmo à distância. Sobre a nova realidade, Nilson Diniz salienta que esse tipo de aula vem sendo realizada, porém com limitações.
“Principalmente nos pequenos municípios. [por] dois aspectos: primeiro, nas escolas rurais o acesso à internet. Dois, a quantidade de alunos que tem muita carência e a capacidade que eles possam ter de ter acesso à internet, de ter um aparelho, de ter um sistema que possa permitir que ele receba isso [as aulas]”, aponta o presidente.
Prejuízos na educação
Com a paralisação das aulas presenciais e todas as dificuldades de se manter a qualidade do ensino, agora à distância, são muitas as situações de estudantes que se sentem prejudicados quanto à aprendizagem. Mesmo como o cenário pandêmico, é grande o anseio pela volta às salas de aulas. Nesse sentido um dilema se estabelece entre o retorno das atividades presenciais nas escolas e os risco que essa retomada pode causar. Para Nilson Diniz, ao se falar da aprendizagem dos estudantes, “este é um prejuízo incalculável, imensurável”.
“Além da questão cognitiva [de aprendizagem] desses alunos, existe outra coisa, a questão da saúde mental. Quantas crianças, quantos adolescentes, que passam por dificuldades precisavam daquela socialização pra melhorar”, diz Nilson com preocupação.