Durante a XXI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios — evento conhecido como Marcha dos Prefeitos —, que serve para pressionar o governo central por demandas estaduais — três presidenciáveis estiveram em Brasília para debater o assunto e, claro, usar o evento como palanque. Até amanhã, mais cinco devem comparecer. Propostas de soluções ambientais, econômicas e projetos de combate à corrupção foram respondidas em tom eleitoral.
Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) discursaram aos prefeitos. Manuela D’Ávila foi convidada e confirmou presença, mas não compareceu. Ao saber da desistência de Temer na corrida pelo Planalto, Marina disse que “não dá para acreditar que quem criou os problemas de hoje poderá resolvê-los”, comentando sobre a candidatura de Henrique Meirelles (MDB).
Questionada sobre a saída de Temer da disputa eleitoral, Marina optou pela ironia. “Três por cento de popularidade, dentro da margem de erro, é possível que seja zero”, afirmou. Ela acredita que o fim da polarização entre esquerda e direita é uma saída para melhorar o cenário, e voltou a criticar a reforma política, que, em suas palavras, “foi encomendada”. A ex-ministra do Meio Ambiente também questiona os 10 segundos que terá para fazer campanha no horário eleitoral gratuito e compara seu orçamento de campanha com o dos grandes partidos, que deve ultrapassar
R$ 500 milhões.
O senador Alvaro Dias disse que os políticos têm de pedir desculpas à população pela desigualdade e pelo subdesenvolvimento do país. “O sistema é corrupto. Este sistema fracassou. Temos que pedir perdão ao povo brasileiro. Nós não fomos competentes para explorar de forma capaz as potencialidades deste país. Temos que pedir perdão ao Brasil pelo estágio de subdesenvolvimento em que nos encontramos”, afirmou o candidato à Presidência da República.
Em discurso duro, Ciro acusou o Ministério Público e o Poder Judiciário de ultrapassarem as suas atribuições democráticas e quererem governar o país no lugar de todo mundo. “Hoje, (com o) Congresso Nacional desmoralizado, o poder federal desmoralizado e a autoridade política desmoralizada, há uma invasão absolutamente intolerável, que tem de ser posta fim a ela, de atribuições democráticas por poderes que não são votados”, afirmou, dirigindo-se ao MP.
Não foram apenas os presidenciáveis que tentaram deixar boa impressão aos prefeitos. Pela manhã, o presidente Michel Temer participou da abertura e emplacou logo de cara a assinatura de um decreto que possibilitará as Unidades de Pronto Atendimento (Upas) atenderem como Unidades Básicas de Saúde (UBS). Temer anunciou ainda que R$ 600 milhões seriam pagos aos municípios para investimento em educação. O recurso faz parte dos R$ 2 bilhões aprovados este ano para atender a uma demanda firmada com as prefeituras em 2017.
O governo não quer ficar para trás dos concorrentes. A agenda positiva com as prefeituras foi tratada horas antes do anúncio de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, como candidato do MDB. Tanto que Temer sinalizou discutir o reajuste dos valores de licitação, que permitirá os municípios resolverem questões burocráticas e realizarem compras em valores mais altos.
Com informação do Correio Braziliense