O presidente da Comissão Especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência, Carlos Marun (PMDB-MS), disse em entrevista ao Broadcast, notícias em tempo real do Grupo Estado, que a divulgação da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com os nomes dos políticos envolvidos na Operação Lava Jato, não vai mexer no andamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).  Marun disse que mantém a meta de aprovar a proposta na Comissão antes do dia primeiro de maio.

Broadcast: A divulgação da lista da Lava Jato com abertura de inquérito contra oito ministros do governo Temer, 24 senadores e 39 deputados federais atrapalha o andamento da reforma da Previdência?

Marun: Não mexe com o andamento da reforma. O trabalho vai andar em conformidade com o que havíamos estabelecido. No dia 18, apresentação do relatório; entre 25 e 27 de abril, discussão e aprovação na Comissão. E mantenho a meta de aprovar antes de primeiro de maio.

Broadcast: Mas os presidentes da Câmara e do Senado estão na lista. Não atrapalha?

Marun: Essa situação vai ter que separar o joio do trigo. Será um divisor de água desse processo. Não é “tá na lista é culpado” . Vai ter se verificar o que essa pessoa efetivamente fez de errado para estar na lista. Não é o fato de simplesmente ter recebido uma contribuição, muitas vezes legal e oficial, que pode jogar a pessoas aos leões. Pelo tamanho vai ter o poder de separar o joio do trigo. Nesse sentido, é positivo.

Broadcast: Não é muito otimismo do sr. afirmar que a reforma terá mais de 350 votos?

Marun: A ideia do empurrar com a barriga a reforma é sustentada no temor de que isso traga prejuízo eleitoral. A partir do momento que estamos ajustando o projeto em conformidade com as sugestões dos parlamentares estamos atenuando as resistências. Vamos apresentar um projeto razoável como solução de uma necessidade real. Teremos muito votos.

Broadcast: Deputados não estão entendendo as regras de transição. Como eles vão explicar para os seus eleitores?

Carlos Marun: Como? É tão simples. Todos que já ingressaram no sistema estarão aptos a participar da transição. Entrou no sistema, a princípio, está apto.

Broadcast: Mas não vai valer à pena com menos de 30?

Marun: Para alguns não vai. Mas todos estão aptos. Qual vai ser a exigência complementar? Que você pague um “pedágio” para cumprir o tempo que falta. Que será menor dos 50% do tempo que falta. E soma-se a isso uma idade mínima de aposentadoria. Na transição, haverá uma tempo de contribuição a cumprir ao qual se soma a idade mínima que vai subindo até chegar a 65 anos. Não se tem ainda a definição da idade mínima de largada.

Broadcast: É um modelo simples para explicar para a população?

Marun: Quando tivermos a idade mínima de largada será simples. Hoje, pode parecer que não é simples porque não temos o pedágio e as idades de largada para a transição. Como não temos isso, teremos dificuldade de explicar em concreto. É uma regra extremamente simples que vai cair no entendimento de todos. Não podemos subestimar a população. Ela vai, sim., entender. Isso acaba com as aposentadorias precoces que é o grande mal do País. Quem se aposenta precocemente não é povo. São pessoas que tem altos salários. Já no início da transição vamos acabar com as aposentadorias precoces. E isso é um grande ganho.

Broadcast: Analistas do mercado afirmam que as flexibilizações passaram do limite.

Marun: Não entendo como podem ter passado do limite se não temos o limite e nem os números. É um exercício de adivinhação. Dizer hoje que passou do limite não é “economês” é “adivinhês”.

Com informações O Estado de São Paulo