A cirurgia de fechamento da colostomia a que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vai se submeter, provavelmente no dia 12 de dezembro, é menos arriscada do que procedimentos anteriores, segundo o cirurgião que o acompanha, Antônio Luiz Macedo. Segundo Macedo, os riscos envolvidos são os inerentes a toda cirurgia. “Mas são muito menores do que quando o operei em 12 de setembro, com uma peritonite grave, com grande contaminação, com fístula e obstrução intestinal. Agora os riscos são menores, mas sempre existem riscos em qualquer tipo de cirurgia”, relata.
O fechamento da colostomia — ou reconstrução do trânsito intestinal — consiste em abrir novamente o abdome e religar as alças do intestino grosso para que o trânsito intestinal volte ao normal e o paciente deixe de usar a bolsa coletora de fezes. Macedo diz que, pelo fato de o presidente eleito já ter sido submetido a duas cirurgias anteriores, não será possível fazer o procedimento por meio de técnicas menos invasivas, como a videolaparoscopia ou a robótica. “Tem que abrir o abdome, achar o coto intestinal grosso que está fechado dentro da barriga, mobilizá-lo, tirar o intestino da parede e fazer uma emenda”, explica.
Ele afirma que o tempo cirúrgico é variado. Nessas condições, há chances de terem se formado aderências no intestino, o que pode deixar o procedimento um pouco mais demorado. O Jornal Folha de São Paulo avaliou dez estudos internacionais publicados no PubMed (espécie de biblioteca virtual da área biomédica) sobre os resultados desse tipo de cirurgia. De acordo com os trabalhos, os riscos de complicações são bem variáveis, indo de 2% a 30%. Dependem do perfil do paciente, do hospital e da técnica utilizada.
Pessoas com diabetes, hipertensão e obesidade, por exemplo, têm mais riscos. Entre as complicações mais frequentes estão infecções, hérnias, fístulas (abertura da emenda e extravasamento de conteúdo fecal para fora ou para dentro da cavidade abdominal) e obstruções (fechamento da área da emenda causando dificuldade da passagem do conteúdo fecal).
Macedo diz que a expectativa é que, após a cirurgia, Bolsonaro fique no hospital de cinco a sete dias. “No momento em que o intestino começar a funcionar [em geral, após dois ou três dias] e que ele possa se alimentar normalmente, nós teremos a possibilidade de liberá-lo para casa.” Outra alternativa, segundo o médico, é manter o paciente em São Paulo por mais cinco dias até retirar os pontos cirúrgicos, entre o 10º e 12º dia após a operação.
“Aí ele será liberado definitivamente.” Bolsonoro se submeteu à primeira cirurgia em 6 de setembro, data em que foi esfaqueado, e sofreu três perfurações no intestino delgado e uma no intestino grosso. Foi feita uma colostomia para isolar as áreas lesionadas da passagem de fezes, diminuindo, assim, o risco de infecções. O intestino foi completamente separado para que uma das pontas ficasse exteriorizada até a pele para a saída de fezes na bolsa coletora. Em 12 de setembro, ele passou por uma segunda cirurgia de emergência para corrigir uma obstrução intestinal causada por aderência das alças intestinais.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo