Cerca de 47 mil crianças se encontram em situação de acolhimento no Brasil e o número dos pretendentes à adoção chega próximo a essa quantidade. Os dados disponibilizados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam para uma questão: se a quantidade pretendentes à adoção e o número de que crianças que podem ser adotadas são próximos, “por que a conta não fecha”?

O questionamento levantado nessa terça-feira (10) pela advogada Ana Zélia no quadro Direito de Família veiculado no Jornal Alerta Geral, possui muitos aspectos que devem ser analisados cuidadosamente para se avaliar o cenário da adoção do país. Nessa segunda-feira (9), foi comemorado do Dia Nacional da Adoção, mas mesmo diante da celebração, a advogada destaca que a data deve ser pensada também para se tomar consciência sobre a seriedade desse processo.

Ana Zélia destaca que a estatística do CNJ mostra que das 47 mil, apenas 5 mil crianças estão aptas à adoção. Essa situação de aptidão para a adoção se dá quando todas as tentativas de reinserção do adotando em sua família de origem (pai/mãe) ou extensa (tios/avós) se esgotam. Todo esse processo é muito demorado e doloroso, principalmente para quem apenas deseja ter uma família.

Somado a isso, Ana Zélia também pontua que expectativas são geradas pelos que pretendem adotar quanto à perfeição dos seus filhos, quando, caso fosse um filho biológico, eleição nenhuma haveria, como textura do cabelo, cor dos olhos, sexo ou o fato de a criança ser ou não portadora de necessidades especiais.

Por fim, a advogada enfatiza que é importante que se conscientize aqueles que pretendem adotar a tomarem consciência quanto à seriedade de todo o processo, principalmente quanto à problemática relacionada à devolução de crianças adotandas, com a seguinte pergunta: “e se fosse você o devolvido?”