A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, quer ouvir mais seis pessoas para aprofundar o inquérito que investiga o presidente Michel Temer por conta das delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. Também são investigados os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
Polícia Federal e Procuradoria-Geral da República querem ouvir:
- Marcelo Odebrecht, dono da Odebrecht;
- Fernando Migliaccio, ex-funcionário da Odebrecht;
- Ibanez Filter, ligado a Eliseu Padilha;
- Vinícius Claret, doleiro conhecido como Juca Bala, suspeito de lavar dinheiro no esquema de Sérgio Cabral;
- Cláudio Barbosa, doleiro suspeito de lavar dinheiro no esquema de Sérgio Cabral;
- José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, marqueteiro Duda Mendonça.
A informação está em documento no qual Dodge concorda com a prorrogação da apuração por mais 60 dias, apresentado na quinta, 14. A íntegra ainda não estava disponível e só foi tornada pública no processo nessa sexta, 16. O pedido para ouvir as testemunhas é da Polícia Federal e foi corroborado por Raquel Dodge.
A procuradora afirma que ainda que a Polícia Federal também precisa analisar os celulares utilizados à época pelos delatores Cláudio Melo Filho e José de Carvalho Filho, da Odebrecht.
“A Procuradora-Geral da República requer a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito epigrafado, por mais sessenta dias (…) considerada a existência de diligências pendentes e necessárias ao deslinde das investigações”, afirma o documento.
A decisão sobre mais prazo para a apuração será dada pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF.
Quem já foi ouvido
Segundo Dodge, o inquérito já tem os depoimentos de José Yunes, ex-assessor de Temer; Maria Lúcia Tavares, ex-funcionária da Odebrecht; além de oitivas de Geddel Vieira Lima e Paulo Skaf.
A procuradoria afirmou que o doleiro e delator Lúcio Funaro, cujo depoimento foi juntado ao inquérito, apresentou informações sobre as suspeitas. Ainda de acordo com a procuradora, foi interrogado o doleiro Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro – investigado na Operação Câmbio, Desligo, desdobramento da Lava Jato no Rio, e solto por decisão do ministro Gilmar Mendes no começo de junho. “A autoridade policial logrou identificar as pessoas possivelmente responsáveis por entregas de valores objeto da presente investigação”, diz Dodge.
A investigação
O caso se refere a um jantar no Palácio do Jaburu em maio de 2014, em que se teria acertado o repasse ilícito de R$ 10 milhões ao MDB. De acordo os delatores da Odebrecht, teriam participado da reunião Eliseu Padilha, o então presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, o ex-executivo Cláudio Melo Filho, e o então vice-presidente Michel Temer.
De acordo com o depoimento de Cláudio Melo Filho ao Ministério Público Federal (MPF), no encontro, Temer pediu “direta e pessoalmente” a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas do MDB em 2014.
O repasse do dinheiro, segundo depoimentos dos delatores da Odebrecht, seria uma forma de pagar pelos interesses da empresa atendidos pela Secretaria de Aviação Civil, comandada entre 2013 e 2015 por Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Sobre esse assunto, o presidente já admitiu que houve o jantar, mas sempre disse que não falaram de valores. Quando este depoimento se tornou conhecido, o Palácio do Planalto divulgou nota informando que o presidente Michel Temer “repudia com veemência” o conteúdo da delação de Melo Filho.
Com informações G1