A produção brasileira de aço cresceu 10,9% entre janeiro e março deste ano por causa da entrada em operação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, voltada para o mercado externo. A abertura da unidade impulsionou as exportações do produto no período, que cresceram 17,4%. Já as vendas internas caíram 0,5%.
O presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, disse que, apesar do crescimento na produção, os números “não são tão positivos assim” porque o mercado interno continua em baixa. Segundo ele, as vendas para o exterior são a saída para o setor diante da crise. “As exportações são feitas mesmo sem uma condição mais adequada porque, se não fizer isso, vai fechar equipamentos, vai botar mais gente na rua”, disse. Do segundo semestre de 2016 até agora, a indústria siderúrgica nacional demitiu 5 mil trabalhadores.
Para estimular as exportações no setor, o IABr sugere mudanças na tributação, como o aumento da alíquota do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), que devolve aos exportadores parte dos impostos cobrados na cadeia de produção.
Segundo Lopes, as medidas de recuperação da economia tomadas pelo governo ainda não tiveram impacto nas indústrias siderúrgica e de transformação. O executivo disse que as medidas são “meritórias” e “estão indo na direção correta para melhorar o país”, mas que darão resultados apenas no médio e longo prazo.
Para 2017, o instituto projeta cenário similar ao de uma década atrás, com crescimento de 3,8% da produção na comparação com 2016, alcançando 32,5 milhões de toneladas. A entidade também estima alta de 1,3% nas vendas internas (16,7 milhões de toneladas); crescimento de 6,4% nas exportações em quantidade (14,2 milhões de toneladas) e de 7,1% em valor (US$ 6 bilhões); e alta de 6,6% nas importações (2 milhões de toneladas) e 5,9% em valor (US$ 1,8 bilhão).
Cenário internacional
No cenário internacional, Lopes destacou dois pontos que podem dificultar o desempenho da indústria siderúrgica brasileira: um excedente na produção mundial de mais de 777 milhões de toneladas e políticas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o setor.
“Ele está olhando para o mercado dele. O aço tem que ser dele, tudo tem que ser dele. Ele está fechando o mercado de maneira muito ostensiva”.