O professor de dança, José Eliezio Oliveira Silva, 50 anos, morreu devido à uma infecção generalizada após a retirada de um dente siso em um posto de saúde de Fortaleza. O caso aconteceu no último dia 23 de maio, no Posto de Saúde Pedro Sampaio, no Bairro Conjunto Palmeiras. A família questiona o procedimento dos atendimentos que o professor recebeu na unidade.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) argumentou que o paciente recebeu todos os cuidados de atenção necessários que o caso demandava. Ele era acompanhado pela equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) do posto de saúde e apresentava quadro de condição crônica estável.

“A Secretaria lamenta o ocorrido e reforça que, conforme o perfil de saúde, o paciente contou com todo acompanhamento devido ao caso”, disse o órgão municipal.

Uma sobrinha da vítima informou que o professor começou a sentir dores muito intensas no dente no começo do ano, e começou a se automedicar com analgésicos. Contudo, a dor seguia e ele decidiu marcar uma consulta médica.

“Ele dizia para mim que sentia febre, dor de cabeça, que o corpo dele estava muito mole. Ele gemia de dor quando tomava água, se maldizia de dor na garganta”, explicou Isla Feitosa, sobrinha da vítima.

No primeiro dia marcado, 5 de maio, o professor estava com um quadro de pressão alta e não pôde realizar a cirurgia. Então, o procedimento foi remarcado para o dia 16. A sobrinha questiona que não foi feito nenhum exame ou raio-X antes da cirurgia, e também que, após a cirurgia, o tio saiu sem nenhuma receita médica para o pós-cirúrgico.

“O procedimento odontológico foi realizado sem intercorrências no dia 16 de maio. No dia 19, quando retornou à unidade, foi novamente acolhido e orientado sobre o uso dos medicamentos necessários”, disse a SMS.

Em casa, ele começou a sentir dores, febre alta e inchaço na região do pescoço. Então, ele decidiu retornar à unidade de saúde no dia 19. Na ocasião, a equipe médica passou uma receita médica com analgéscio, anti-inflamatório e antibiótico.

“A gente viu que tinha algo errado porque o rosto dele começou a inchar. Do jeito que ele ficou, estava irreconhecível”, disse a sobrinha.

Sintomas agravaram

Mesmo após o retorno, os sintomas persistiram — e até agravaram. Ele, inclusive, começou a ter dificuldade até de andar, falar e se alimentar. No dia 22, ele passou mal e foi levado à UPA do Jangurussu.

Na unidade, ele teve duas paradas cardíacas. O médico informou que ele teve uma infecção generalizada e uma bactéria na região do pescoço. Na segunda parada cardíaca, ele foi entubado, mas não resistiu.

“Ele nem passou pela triagem, foi direto para a UTI. Lá disseram que foi por causa da extração dentária, que ele tinha contraído uma infecção generalizada que estava tomando de conta dos rins dele”, disse Isla.

As causas da morte, identificadas pelo médico no atestado de óbito, estão choque, abscesso dental, insuficiência renal, entre outras.

“Isso pegou todos nós de surpresa. Meu tio sempre foi muito sorridente, uma pessoa que esbanjava saúde, ninguém nunca o via falando mal de nada, se maldizendo de nada. A gente se sente injustiçada”, lamentou a sobrinha.

Já a SMS disse que, no dia 23, o paciente foi acolhido na UPA do Jangurussu, onde foi prestado todo atendimento e assistência pelos profissionais da unidade.